Sem alarde, encontra-se no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), desde ontem (1º), a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) contra o prefeito de Manari, Otaviano Ferreira Martins, e seus irmãos – o deputado estadual Claudiano Ferreira Martins, o ex-prefeito de Águas Belas, Nomeriano Ferreira Martins, e os agricultores Aureliano Ferreira Martins (conhecido como Didias) e Eliano Ferreira Martins.
Todos são acusados como mandantes do assassinato do líder do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) Anilton Martins da Silva, conhecido como “Nem dos Sem-Terra”.
De acordo com os autos, a vítima foi executada a tiros de revólver por volta das 18h do dia 27 de outubro de 2005, no posto de gasolina “Pau Ferro”, no centro de Itaíba.
De acordo com informações dos autos, segundo testemunhas do crime, “Nem dos Sem-Terra” estava dentro de seu carro quando dele se aproximaram dois homens numa moto, mais tarde identificados como Leonelson Martins dos Santos, conhecido como Dida (condutor do veículo), e José Antonio Tenório de Melo, o “Zé Coleta”, que vinha no banco de trás e efetuou os disparos.
Também foram denunciados pelo Ministério Público, como participantes do crime, João Marcos Nemézio da Silva (“João Baixinho”), que é cunhado e segurança do deputado Claudiano Martins; o serralheiro Edvaldo Timóteo da Silva (conhecido como “Vavá”) e o servidor público Josivan da Silva (“Gordinho”).
Ainda de acordo com os autos, “João Baixinho” ficou encarregado de organizar a execução do homicídio, enquanto “Gordinho” fez o levantamento da rotina da vítima no dia do crime e ainda emprestou a moto para o autor dos disparos.
Consta dos autos, ainda, que “João Baixinho” fez várias ameaças de morte contra “Nem dos Sem-Terra”, por força do envolvimento da vítima com Josefa Torres, ex-namorada de João.
Mas, segundo o MPPE, o principal motivo do homicídio encomendado pelos irmãos Martins diz respeito à compra irregular de lotes de terra no Assentamento Barra Verde, onde a própria vítima era um dos assentados e presidente da Associação local.
Sem terra assassinado era fundador do PT, fazia oposição aos Martins e denunciou a venda de mais de quarenta lotes a pessoas que não eram ligadas ao MLST