Deu no Correio Braziliense Em entrevista exclusiva ao Correio, o governador afirma que denúncias são manobra do adversário para vencê-lo no tapetão De Ana Maria Campos e Lilian Tahan: O escândalo que desmontou o governo, devastou a credibilidade da Câmara Legislativa e expôs o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) com a divulgação de imagens de políticos escondendo maços de dinheiro tem um maestro na visão do principal alvo da Operação Caixa de Pandora.

Para o governador José Roberto Arruda (DEM), o responsável por sua derrocada é o seu principal adversário político: o ex-governador Joaquim Roriz (PSC).

Arruda afirma que Durval Barbosa gravou vídeos, manipulou imagens e até pode ter corrompido empresários com objetivo de construir uma trama com força para tirá-lo do poder e ganhar as eleições de 2010 no “tapetão”.

Arruda admite que manteve em seu governo um aliado com 32 processos na Justiça por supostos desvios de recursos públicos, a quem considerava um amigo e um “excelente articulador”.

Apesar dos rumores no meio político em Brasília, o governador nega que tenha passado três anos sendo chantageado por Durval.

Disse que só soube da existência do vídeo em que aparece recebendo dinheiro há pouco tempo, quando, então, orientado pelos advogados teria exigido que o secretário registrasse o recebimento dos comprovantes da compra de panetones, versão que sustenta para explicar o destino dos recursos.

Sobre o conteúdo da gravação ocorrida em 21 de outubro com o monitoramento da Polícia Federal, Arruda parece confuso.

Não se lembra de detalhes e apenas acredita que quando se referia a números, não falava de propina para aliados, mas tratava de pedidos de empregos em administrações regionais do governo.

Na visão do governador, tudo tem explicação.

O problema maior é explicar a pessoas como a mãe dele, em Itajubá (MG), a imagem da sacola de dinheiro.

Depois de tudo o que veio à tona, a operação da Polícia Federal, as acusações de corrupção e os vídeos, o senhor enxerga uma saída?

O problema é grave e ele tem que ser compreendido em três frentes distintas.

A jurídica, a política e a mídia.

Na questão jurídica, os meus advogados, Dr.

Gerardo Grossi, Nabor Bulhões e (José Eduardo) Alckmin me tranquilizaram muito.

Não há nos autos, ao que se conhece até agora, nada que possa me incriminar.

Nenhuma ação minha que possa ser entendida como dolosa.

Há duas questões fundamentais atribuídas a mim: na época do Natal de 2004 ou de 2005, aí eu não me recordo bem, houve a gravação dele (Durval) me entregando dinheiro.

Como explicar o vídeo em que o senhor aparece recebendo dinheiro do seu ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa?

Todo final de ano, eu faço programas sociais, visito creches, asilos, as periferias das cidades, levo cestas básicas, panetones, o que virou piada até, mas eu faço isso.

E vários empresários doam também, o Carrefour doa, pessoas físicas e jurídicas.

Ele me fez nesse dia uma doação de livre e espontânea vontade.

Não fez apenas naquele ano, fez em outros anos também.

Por que gravou?

Não sei.

Já com alguma má fé naquela época, talvez.

Mais tarde fui alertado desses problemas, fiz um registro oficial ao Tribunal Regional Eleitoral não apenas com a doação dele, mas com a doação de todos aqueles que durante 10 anos de uma maneira ou de outra contribuíram nas minhas campanha sociais.

Entendem os meus advogados que, embora a imagem seja forte, horrível, de qualquer maneira juridicamente eu estou coberto.

O senhor explicou a fúria de Durval para ter denunciado o senhor.

Existe alguém por trás do Durval?

Tem muitas coincidências aí.

O Dr.

Durval faz essa denúncia à Justiça no dia 17 de setembro, um dia depois que o ex-governador Roriz saiu do PMDB.

Nos dias que antecederam a ação da PF, o ex-governador falou no jornal Entrelagos, no jornal Hoje em Dia, e falou num jantar (com jornalistas) que algo muito grave iria acontecer.

Ora, parece-me claro que o ex-governador estava informado da ação da Polícia Federal.

Uma coisa que também me causa certa estranheza é que ele (Durval) foi oito anos gestor de uma verba milionária no governo Roriz, R$ 500 milhões por ano, durante oito anos.

Se você verificar os vídeos, que são estarrecedores e que estão aparecendo na televisão, a grande maioria deles se refere a este período do governo Roriz, não do meu, onde ele efetivamente manipulava grande quantidade de dinheiro como se vê agora.

Que que eu tenho com isso?

Será que se eu tivesse mantido ele presidente da Codeplan e se eu não tivesse feito um corte de R$ 300 milhões na informática, será que ele teria feito tudo isso?

Ou será que ele estaria feliz comigo?

O senhor identificou que várias das pessoas que estão nas gravações também são seus aliados?

Pelo que se sabe hoje, ele filmava todo mundo, então parece que nessa distribuição farta de fitas há uma seleção.

De vez em quando ele coloca lá um (Júnior) Brunelli para disfarçar, mas as outras pessoas são ligadas a mim.

Quer dizer, mas mesmo aquelas que hoje são ligadas a mim com fitas que foram feitas no governo Roriz.

O mais interessante, ainda não apareceu nenhuma fita dos oito anos que ele foi do governo Roriz com as pessoas ligadas ao Roriz.

E como o Roriz antecipou para os jornais a bomba que se abateria sobre Brasília, desculpa, mas eu não tenho como não reconhecer que eu não fiz isso sozinho.

E aí é o grande problema que sempre me alertaram.

Como eu herdei pessoas do governo Roriz, a maioria delas têm sido muito leal a mim e têm feito um trabalho muito correto.

Infelizmente, eu herdei também coisas ruins.

Leia entrevista na íntegra.