Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com Para quem já foi o maior partido governista do País durante muitos anos, o desfecho melancólico da gestão do único governador do DEM, José Roberto Arruda, é um sinal de alerta à legenda.

A surpresa não foi apenas a constatação de corrupção no bem avaliado governo do Distrito Federal, mas o método utilizado.

Afinal, que diferença faz colocar dinheiro nas meias ou na cueca, como recentemente fizeram filiados do PT no chamado escândalo do mensalão, em 2005?

Escândalo, aliás, que municiou o DEM nos ataques à gestão petista.

Mas quando tudo se nivela por baixo – trágica constatação da atual política brasileira – o que fazer?

Quando ainda eram PFL, os dirigentes partidários já sentiam as dificuldades da evolução dos tempos.

A solução encontrada foi trocar a sigla e adaptar os programas.

O velho partido foi buscar na juventude a sua nova bandeira, na tentativa de se firmar como oposição.

Mas antigos vícios continuavam assombrando o Democratas.

Dispostos a se tornar o principal partido adversário do governo do PT, eles não conseguiram deslanchar.

O longo tempo vivido nas bases governistas dificultava o novo cenário.

Afinal de contas, o DEM é governo na sua essência.

O partido deriva da antiga Aliança Renovadora Nacional (Arena), criada pela ditadura militar – a partir da imposição do bipartidarismo – para hospedar os seus apoiadores.

Com o declínio do regime e a restauração das liberdades partidárias, transformou-se no PDS, mas se manteve na base de sustentação do governo.

Veio a redemocratização, e com ela um racha entre os que defendiam o status quo e aqueles que enxergavam um comprometimento fatal da ditadura.

Estes pularam do barco para criar a Frente Liberal, aliaram-se ao PMDB e ajudaram a garantir a vitória do peemedebista Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.

Surgia o PFL.

Ainda de perfil governista.

E foi sob essa sigla que os hoje democratas apoiaram as gestões de José Sarney (PMDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Numa conta rápida, são duas décadas de governos militares, mais cinco anos de Sarney e oito de gestão tucana.

Ao todo, o partido permaneceu cerca de trinta anos no poder.

A vitória de Lula em 2002 teve o esperado efeito de uma bomba sobre o DEM.

Nos últimos sete anos, a legenda tentou a todo custo encontrar seu caminho como oposição.

Mas o bastão foi abarcado antes pelos tucanos.

Destronado pelos petistas, o PSDB não teve o mesmo problema dos aliados democratas.

Seus fundadores traziam na bagagem a experiência da oposição no MDB e PMDB, sigla que deu origem à legenda social-democrata.

Agora, além das dificuldades impostas pela redução no tamanho, o DEM chega à encruzilhada da corrupção entre seus pares.

Atos que eles próprios denunciaram sobre os petistas.

A única solução, depois de tudo, para que o partido garanta alguma chance de sobrevivência nas eleições do próximo ano é cortar na própria carne – já bem franzina – expulsando o seu único governador, protagonista do mensalão planaltino.