Caro Jamildo!

Li um artigo em seu blog, pretensamente contrário a expansão das Usinas Nucleares no Brasil, e consequentemente no Nordeste.

Tenho a obrigação de responder, uma vez que, infelizmente, ele mostra um grande desconhecimento da verdadeira característica da problemática da expansão do setor elétrico brasileiro.

Preferiria estar escrevendo um novo artigo, mais do que estar contestando um outro.

Mas sou obrigado, como Prof. de Produção de Energia Elétrica da UFPE e Assistente Senior da Presidência da Eletronuclear, a deixar claro para os leitores de seu Blog uma opinião sincera a respeito.

Gostaria de iniciar meus comentários dizendo que trabalho para expandir a geração nuclear no Brasil, por ter uma visão estratégica calcada nas jazidas de urânio brasileiras, boa parte delas localizadas no Nordeste, sabendo que possívelmente o Brasil poderá ser o maior produtor mundial deste minério, e na visão de um Nordeste forte economicamente e com suprimento energético garantido.

O Brasil possui duas usinas nucleares, situadas em Angra dos Reis, com mais de vinte anos de experiência, sem ter tido nenhum acidente de alguma conseqüência.

Os Estados Unidos possuem 104 Usinas Nucleares.

A França possue 59 Usinas Nucleares, atendendo 80% do seu mercado de energia elétrica,etc,etc.

A energia nuclear, hoje é defendida pelos ambientalistas como uma das formas de menor impacto ambiental, sobretudo no que diz respeito ao efeito estufa.

A expansão das nucleares no mundo está em ascenção: China , que detem o maior potencial hidroelétrico do mundo, constrói 18 usinas simultaneamente,por exemplo, dentre muito outros.

Os rejeitos radiotivos oriundos da operação das usinas são totalmente controlados e os combustíveis podem ser reprocessados para nova utilização.

Infelizmente o Brasil, que apesar de ser o décimo país em potencia instalada, ocupa o vergonhoso lugar de 90º país em consumo per capita.

Isto pressiona qualquer governo na busca de energia para suprir o desenvolvimento sócio-econômico e sua população.

Por isso ele necessita continuamente expandir seu sistema de produção para poder se desenvolver e dotar seus habitantes de um padrão de vida crescente. É neste sentido que toda forma de produzir energia é bem vinda.

Sobretudo aquelas que possam vir para baratear seu custo e garantir seu suprimento.

Penso que não devemos ter preconceitos sem fundamentação concreta e devemos deixar que todas as formas de energia se manifestem , cada uma com seus custos e benefícios, para que as escolhas sejam as melhores possíveis para a sociedade.

Não deve haver restrição, a priori, sobre qualquer forma de produção de energia.

Aquelas que forem as mais aptas deverão prevalecer para o bem da sociedade.E que essas escolhas se fundamentem num amplo debate com a sociedade com grande divulgação das informações Querer resolver o problema do suprimento de energia elétrica, num pais em expansão como o Brasil, com programas de conservação e repotenciação revela um grande desconhecimento sobre a questão, que poucos amadores se arriscariam a propor.

Conservação como solução pode ser bem aplicado para quem tem um alto indíce de consumo per capita: países nórdicos, Canadá, etc.

Repotenciação no Brasil vale muito pouco, pois não acrescenta energia ao sistema que é o que mais se necessita por se tratar de sistema predominantemente hidtrelétrico.

Concluindo gostaria de salientar que sou favorável a toda forma de produção de energia, que passe por um amplo debate da sociedade, e que também não vejo nenhuma restrição hoje a utilização de qualquer forma que demonstre ser competitiva e ambientalmente defensável.

Atenciosamente Carlos Henrique Mariz Para professor da UFPE, o Brasil (Nordeste) não precisa de usinas nucleares