Por José Teles, em Política / JC A denúncia da oposição ao governo do Estado, sobre supostos cachês superfaturados para bandas e cantores em eventos públicos acontecidos entre o final de 2008 e início deste ano, levou artistas locais a negarem os dados fornecidos pela Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur), ligada à secretaria de Turismo.
E a oposição, ontem, reforçou a suspeita com uma visita ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas, enquanto o governo – garantindo transparência – também foi ao TCE solicitar uma auditoria especial parta investigar o “suposto superfaturamento” apontado pela oposição na empresa.
No meio artístico, as reações partiram do cantor e compositor Silvério Pessoa e do empresário da Spok Frevo Orquestra, Wellington Lima.
Ambos disseram que receberam valor bem abaixo do divulgado.
Silvério se disse indignado e perplexo.
Em meio à relação de nomes e respectivos cachês que teriam sido superfaturados, consta que ele recebeu R$ 76 mil por uma apresentação em Paulista, no Grande Recife: “Luto muito para ganhar um cachê deste.
Meu cachê fica entre R$ 12 mil e R$ 15 mil.
Não sei onde foram arranjar esta quantia”, comentou o músico, que se disse tranquilo em relação ao assunto: “Minha contabilidade está à disposição de quem quiser conferir o que recebo”.
Já sua mulher, e produtora Karina Hoover, da Casa de Farinha Produções, foi mais incisiva.
Em nota, ela disse: “Silvério é um artista que mora no Recife e sempre trabalhou de forma independente com a sua música e sua carreira, dentro de uma realidade de mercado e possibilidades, trabalhando com cachês que giram em torno de R$ 12 mil a R$ 15 mil, de acordo com o show a ser apresentado”, diz o texto, completando que nunca o artista recebeu o valor divulgado de R$ 76 mil.
Karina garantiu que, para esse show em Paulista, eles foram contratados pela empresa produtora do evento que pagou o cachê de R$ 15 mil, referente a Silvério e equipe, ficando sob responsabilidade desta produtora a emissão da nota geral e despesas com recolhimento dos impostos devidos. “Nunca recebemos um valor de R$ 76 mil para um show de Silvério Pessoa, o que pode ser observado em outras tantas contratações de um show dele feitas pelo governo, através da Fundarpe (FIG 2009) e Prefeitura do Recife (Carnaval e São João 2009)”, protesta Karina.
Para ela o artista já tem dificuldades em fechar shows, e ainda surgem problemas como este: “A empresa vai ter agora que mostrar um recibo nosso neste valor, que nunca passamos para ninguém.
Então a gente quer que eles nos mostrem onde está a diferença e para quem ela foi”.
A Spok Frevo aparece na lista da Empetur como tendo recebido R$ 100 mil por duas apresentações, uma em Itamaracá, em 24 de janeiro deste ano, e outra na praia de Ponta de Pedras, em Goiana, em 20 de dezembro de 2008.
O empresário Wellington Lima informou que o cachê do grupo é de R$ 20 mil, chegando a R$ 25 mil no período carnavalesco.