De Política / JC A bancada de oposição ao governo do Estado solicitou a um perito uma análise grafotécnica em todas as notas fiscais envolvidas no pagamento dos shows dos convênios Festejos Natalinos 2008 e Verão Pernambuco 2008.
Entre as suspeitas do grupo, destaca-se a possibilidade de uma mesma pessoa ter preenchido empenhos de empresas diferentes, o que indicaria a inidoneidade dos documentos. “Há semelhanças no preenchimento das notas”, afirma Terezinha Nunes (PSDB).
As assessorias técnicas dos parlamentares também já levantaram um relatório de informações que sugerem a fraude.
Como o prazo para a finalização da análise é de dez dias e a perícia foi iniciada semana passada, o resultado deve ser divulgado até a próxima semana.
Nas notas destacadas ao lado, das produtoras Walter Shows e Yavé Shamá, várias coincidências.
Além da disposição gráfica dos documentos ser a mesma, cada um dos documentos discrimina a realização de três shows com preços idênticos – R$ 90 mil, R$ 80 mil e R$ 17 mil.
O montante de R$ 187 mil registrados no valor final de ambas as notas é escrito de maneira, no mínimo, coincidente.
Para promover os dois convênios, a Empetur gastou R$ 6,875 milhões: R$ 5,7 milhões repassados pelo Ministério do Turismo e R$ 1,175 milhão dos cofres estaduais.
Nove empresas ficaram responsáveis pela produção e organização dos eventos.
Mas apenas uma delas se insurgiu ontem contra as acusações dos deputados de oposição.
A Una BR Produções Ltda, que pelos dados preliminares da própria Empetur recebeu R$ 235 mil para produzir seis shows, divulgou nota rebatendo as declarações da deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB) de que a empresa funcionaria em endereço fantasma.
Nada disse, porém, sobre os supostos superfaturamentos.
A empresa, com sede em Moreno, informa que mantém na cidade apenas um escritório virtual, “uma atividade moderna, regular e legal”.
Suas atividades são desenvolvidas no bairro da Boa Vista, no Recife.
E se coloca à disposição para esclarecimento a qualquer órgão fiscalizador.
Sobre as demais empresas contratadas pela Empetur permanece o mistério.
O JC não conseguiu localizar os responsáveis por elas.
Algumas empresas, inclusive, não têm como atividade principal produção ou organização de eventos, segundo o site da Receita Federal.
A que recebeu entre todas a maior fatia de recursos foi a Walter Shows, com endereço em Boa Viagem: R$ 1,142 milhão.
Na Receita, consta como atividade econômica principal “comércio varejista de discos, CDs, DVDs e fitas”, como secundária há “organização de feiras, congressos, exposições e festas”.
Outro dado que chama a atenção é o fato de duas empresas, sediadas no Cabo de Santo Agostinho, terem sido contratadas para um evento de grande porte com menos de um mês de fundadas.
A MR Produções e Eventos recebeu a segunda maior fatia de recursos (R$ 621 mil) e a Yavé Shamá, a terceira (R$ 374 mil).
As duas foram coincidentemente fundadas na mesma data, 5 de dezembro de 2008.
Segundo a Empetur, elas produziram os festejos natalinos em 27 de dezembro de 2008 nas cidades de Condado, Itambé, Capoeiras e Araripina.
Além disso, as duas empresas não têm promoção de eventos entre suas atividades econômicas.
A Yavé Shamá trabalha com comércio de equipamentos de informática, segundo a Receita.
Entre as atividades secundárias estão comércio de CDs, DVDs e fitas, filmagem e aluguel de palcos.
A MR trabalha com comércio de CDs, DVDs, discos e fitas, e sua atividade secundária é produção musical e aluguel de palcos.