A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), estatal vinculada ao Ministério da Saúde, aumentará de sete para oito o número de medicamentos produzidos a partir de 2014 para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Além da cola de fibrina - já elaborada com parceiros -, da albumina, da imunoglobulina em pó, dos fatores VIII e IX, do complexo protrombínico e do fator de Von Willebrand, a empresa fabricará a imunoglobulina líquida.

O hemoderivado de maior consumo no mundo teve sua nova versão desenvolvida pelo parceiro tecnológico da Hemobrás, o Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB) que, recentemente, conseguiu aprová-la na Agência Francesa de Vigilância Sanitária (AFSSAPS).

O contrato de transferência tecnológica entre a estatal brasileira e o laboratório francês prevê a aquisição de conhecimento de novos produtos do LFB até o fim do acordo, firmado em 2007 e com validade prevista até 2018.

O diretor técnico do LFB, Jean-Baptiste Gelebart, informou a novidade da imunoglobulina líquida esta semana ao diretor técnico da Hemobrás, Luiz Amorim, durante reuniões no Recife sobre a transferência tecnológica e o aprimoramento do projeto executivo da primeira fábrica brasileira de hemoderivados, cuja construção será retomada no próximo ano.

A planta industrial que será erguida no município de Goiana, a 63 quilômetros da capital pernambucana, está orçada em R$ 540 milhões.

Será a maior da América Latina, com capacidade para processar 500 mil litros de plasma por ano. “Incorporar a imunoglobulina de última geração aos nossos medicamentos trará vantagens para os usuários do SUS.

Com este hemoderivado na forma líquida, elimina-se a etapa atual de mistura do produto em pó com a água destilada, tornando mais simples a manipulação do medicamento pelos médicos e enfermeiros”, detalhou Amorim, lembrando que o medicamento multiuso - empregado no tratamento de cerca de 100 doenças - é essencial para o tratamento de pessoas com aids e outras enfermidades infecciosas, portadores de doenças autoimunes, de deficiências imunológicas ou problemas neurológicos.

A nova imunoglobulina é apresentada em frascos de 100 mililitros (ml) e 200 ml.

Seu armazenamento pode ser feito a uma temperatura de 4 graus Celsius.

Atualmente, o grama do produto custa US$ 90 na Europa, enquanto a mesma quantia da imunoglobulina tradicional é negociada por US$ 85.

A Hemobrás e o LFB ainda discutirão quanto custará o repasse da tecnologia deste produto para a estatal brasileira.

O contrato de transferência tecnológica atualmente é de R$ 16 milhões, para seis produtos, e envolve o pagamento de 5% de royalties anuais, por um período de dez anos.

O Brasil desembolsa R$ 800 milhões por ano com a importação dos hemoderivados para atender aproximadamente 8 mil pessoas com hemofilia assistidas pelo SUS, além de portadores de outras enfermidades graves, como câncer e aids.