Da ANSA O ex-ativista italiano Cesare Battisti revelou na última terça-feira, 24, que está otimista quanto à decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre sua eventual permanência no Brasil, embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha aprovado a extradição na semana passada. “Acho que vou ficar no Brasil”, afirmou ele, que está preso na penitenciária da Papuda, em Brasília, e recebeu em janeiro o refúgio político no país, concedido pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.
O ex-ativista, que suspendeu ontem uma greve de fome que já levava dez dias, disse também que tem acompanhado as discussões sobre os possíveis desfechos para seu caso, incluindo os rumores, veiculados por alguns meios de comunicação, de que o presidente estaria inclinado a mantê-lo no Brasil.
Perguntado sobre a decisão de suspender a greve de fome, que iniciara no dia 13, Battisti recordou os pedidos feitos por Lula para que desistisse do protesto. “Quando escutei o presidente Lula na TV, duas vezes, interpretei isso como uma mensagem boa e senti vontade de viver e até de trabalhar”, relatou. “Estou começando a escrever outra vez e quero terminar o meu livro.” Ele explicou, no entanto, que desde a última segunda-feira está se alimentando basicamente de líquidos.
O ex-ativista, condenado à prisão perpétua na Itália, que requer sua extradição, por quatro homicídios ocorridos no fim da década de 1970, garantiu estar ciente de que uma decisão definitiva sobre seu futuro deve demorar a sair.
Após recomendar a extradição, na quarta-feira da semana passada, o STF optou por delegar ao presidente da República o pronunciamento final.
Lula poderá ou não seguir o entendimento dos magistrados, mas disse que só manifestará sua posição após receber o acórdão (parecer formal) do STF, o que pode levar meses. “Sei que a espera será longa”, admitiu Battisti, que disse ainda acreditar na hipótese de que o governo italiano respeitaria uma possível negativa do Brasil ao pedido de extradição. “Acho que sim, acho que [o governo italiano] aceitará a decisão.
Penso que [o premier Silvio] Berlusconi não tem interesse nessa história, mas os ministros fascistas têm”, sustentou ele, em resposta a um questionário encaminhado pela ANSA.