(Foto: Alexandre Severo / JC Imagem) Por Cecília Ramos, de Política / JC Apontado como um dos protagonistas da saída do ex-prefeito João Paulo (PT) do governo Eduardo Campos (PSB), o secretário de Desenvolvimento Econômico e presidente Suape, Fernando Bezerra Coelho (PSB), disse, ontem, que foi orientado pelo chefe a não dar declarações sobre o episódio, nem sobre eleições 2010. “Não vou falar disso.

O governador recomendou a todos nós se abster de qualquer comentário sobre política.

Agora eu só falo de economia”, soltou Coelho, que também preside o Complexo Portuário de Suape.

Antes de Eduardo baixar a lei do silêncio, o secretário falava abertamente do seu projeto de disputar o Senado no ano que vem, mesmo plano de João Paulo.

Bezerra Coelho chegou a brincar que era “o primeiro da fila” entre os candidatos governistas ao Senado.

Ele começou a incomodar João Paulo com sua movimentação para viabilizar a candidatura, inclusive afirmando que tinha o aval do PSB, cujo presidente nacional é o governador.

Ontem, o tom já era outro. “Não quero falar nada sobre o Senado”, esquivou-se.

Desde a sexta-feira passada, quando João Paulo anunciou sua demissão da secretaria de Articulação Regional, em entrevista à Rádio Jornal, pegando Eduardo de surpresa, Bezerra Coelho não fala sobre o assunto.

E há um esforço do governador, que está em maratona pelo Agreste, de virar a página, sepultando o episódio constrangedor para o Palácio e aliados. “Agora só vou dar boas notícias”, brincou Coelho, que chega hoje do Rio de Janeiro.

O secretário aproveitou e anunciou que até dezembro a Refinaria Abreu e Lima, em Suape, terá cinco mil pessoas trabalhando no canteiro de obras.

E no pico dos trabalhos, entre junho e julho de 2010, serão 20 mil funcionários. “Vamos mostrar o novo ritmo da refinaria”, prometeu, informando que está prevista uma visita de Eduardo às obras em breve.

A euforia de Bezerra Coelho com a obra coincide com o depoimento que o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli dará, hoje, à comissão de orçamento do Congresso Nacional, sobre o suposto superfaturamento nas obras da refinaria.

O secretário disse estar a par desse compromisso de Gabrielli, garantindo não haver “preocupação”.

DESPEDIDA João Paulo começou a fazer a transição da secretaria de Articulação Regional, ontem.

O novo titular da pasta, José Patriota (PSB), só retorna ao Recife amanhã, quando se encerra a caravana do Agreste. “Estou entregando todos os cargos.

Acho que é isso que tem que ser feito quando uma pessoa sai.

Entregar mesmo”, frisou o petista.

Um dos motivos centrais da sua saída do governo foi que ele estaria incomodado em não exercer autonomia sobre os cargos da sua pasta.

João Paulo informou que “continua na luta”, mas disse que não está na “ordem do dia” falar se disputará o Senado ou a Câmara Federal.

Ontem, em nova entrevista à Radio Jornal, afastou qualquer chance de aproximação com o pretenso candidato das oposições ao governo em 2010, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), com quem mantém boa relação.

Essa desconfiança vez por outra pesa contra o petista.

O ex-prefeito reafirmou que não rompeu com o projeto de reeleição de Eduardo e frisou que Jarbas faz oposição ao presidente Lula. “Não tem cabimento isso.

Eu sou um homem de esquerda”, disse.