Editorial do Jornal do Commercio desta terça A arrumação das pré-candidaturas oposicionistas à eleição presidencial do ano que vem está demorada e confusa, o que vem preocupando os caciques da área.

Enquanto o PT e a situação se unem cada vez mais em torno da pré-candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, os principais partidos oposicionistas, PSDB e DEM, estão demorando para tomar uma decisão, o que pode prejudicar o desempenho do candidato que for escolhido.

Isso apesar de o pré-candidato José Serra, governador de São Paulo, ter por enquanto o maior número de pontos nas pesquisas, pois se trata de um político com grande visibilidade nacional, que já disputou a Presidência, foi um ministro da Saúde com excelente cotação e está fazendo em seu Estado um governo com boa aprovação.

Parece que está faltando à oposição a garra que já teve em outras oportunidades.

Considere-se ainda que os que fazem oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não descobriram uma maneira eficaz de derrubar sua popularidade e aprovação, apesar de escândalos e iniciativas criticáveis da administração liderada pelo PT.

Serra e o governador Aécio Neves, de Minas Gerais, que postulam a indicação do PSDB, podem ser considerados em fase de mútuo atropelamento.

Enquanto o primeiro insiste em deixar para o próximo ano a definição sobre a candidatura tucana, o segundo acelera a movimentação nos bastidores, expondo-se cada dia mais à mídia, demonstrando claramente que não desistiu de sua indicação pelo partido, embora os caciques da legenda continuem sustentando que seu candidato natural é o governador paulista.

Aécio colhe frutos de sua movimentação, inclusive a adesão de empresários de peso.

A última pesquisa Vox Populi já o coloca à frente de Dilma Rousseff, e o senador tucano por Pernambuco Sérgio Guerra já declarou que a candidatura do governador mineiro aglutina mais apoios que a de Serra.

Para complicar, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, também pré-candidato, cola em Aécio e diz que retirará sua postulação se este vier a ser escolhido como candidato da oposição.

Aécio Neves está conseguindo, com sua persistência na postulação e recusa em aceitar Serra como candidato natural, convencer seu partido de que é o melhor nome para disputar a sucessão de 2010.

O ministro das Comunicações Hélio Costa, candidato do PMDB ao governo de Minas e até agora aliado de Dilma, já disse que não pode ficar contra uma indicação do presidente Lula, “mas também não posso ficar contrário a uma candidatura mineira”.

Outro ministro de Lula rendido à candidatura de Aécio é Carlos Lupi, do Trabalho, de acordo com testemunho do senador Cristóvão Buarque, do PDT como ele.

Sindicalistas também lhe garantem apoio.

E o nosso governador Eduardo Campos, depois de conversa com Lula, seu aliado, sobre a conjuntura política nacional, disse: “Não temos (o PSB) como não apoiar Aécio se ele for o candidato”.

Ao que o presidente Lula retrucou preocupado que, se Aécio for mesmo o nome do PSDB, “ele bagunça a base governista”. É por isso que o Planalto torce pela candidatura do governador de São Paulo.

Serra despertaria menor simpatia de partidos que hoje estão no governo, têm cargo no primeiro escalão e muito provavelmente se manteriam fiéis à candidatura palaciana.

E também sofre resistência do empresariado, parte do qual o vê como inflexível e autoritário.

A indústria farmacêutica até hoje não engoliu decisões dele, quando ministro da Saúde, como a criação dos medicamentos genéricos, que esvazia o prestígio de marcas de grande imagem, e a quebra de patentes de medicamentos de combate à aids, medidas consideradas uma agressão à livre iniciativa.

A candidatura de Aécio também ganha apoios pelo temor da estratégia lulista de transformar a eleição presidencial em um plebiscito em que o eleitorado decidiria entre a continuação do lulismo sem Lula e uma mudança de rumo.

O governador mineiro promete preservar e consolidar o que considera boas iniciativas e conquistas do período Lula.