Por Gilvan Oliveira, de Política / JC O sempre dividido PT estadual chega hoje, dia da votação para escolha de seus novos dirigentes, com o maior acirramento entre os grupos internos em oito anos de processo de eleições diretas (PED).
As críticas entre as duas principais tendências da sigla, observadas em edições anteriores, deram espaço este ano a acusações fortes, como compra de votos e golpismo, e até ameaça de processos criminais.
Outro ingrediente deste PED é a saída do ex-prefeito do Recife João Paulo do governo Eduardo Campos (PSB).
O fato expôs uma crise política-eleitoral, o que pode servir de munição na reta final da disputa.
O maior sintoma do clima beligerante entre os grupos petistas será visto hoje.
No último PED, em 2007, mesmo com as divergências, as duas principais alas internas procuraram demonstrar unidade no dia da votação.
As lideranças e os candidatos das tendências Construindo Um Novo Brasil (CNB), comandada pelo secretário estadual das Cidades, Humberto Costa, e Campo de Esquerda Unificado (CEU), que tem em João Paulo seu maior expoente, percorreram a cidade e votaram juntos. “Mas este ano não tem clima para isso, após tantas denúncias. É cada um para o seu lado”, avisa o candidato do CEU a presidente do diretório do PT no Recife, Oscar Barreto.
O PED deste ano já começou com denúncias pesadas, sempre partindo dos integrantes do CEU contra a CNB.
Em 24 de setembro, o vereador do Recife Osmar Ricardo denunciou compra de votos no PED.
Ele afirmou que petistas estavam sendo empregados na Secretaria das Cidades com o compromisso de votarem nos candidatos da CNB: o presidente do PT estadual e candidato à reeleição, Jorge Perez, e Rosano Carvalho, candidato à presidência do diretório do Recife.
Rosano, então, pediu ao conselho de ética do PT recifense punição para o vereador por “denúncias falsas”.
Mas o caso ainda não foi analisado.
As denúncias se intensificaram na reta final do PED.
Há 10 dias, o candidato do CEU à presidência estadual, deputado federal Fernando Ferro, conclamou os correligionários a darem um fim “na compra de votos” no partido, sem citar nomes.
Foi então desafiado por Perez a provar a denúncia, mas não apresentou provas.
Quatro dias depois, Osmar Ricardo voltou a denunciar.
Ele apontou Humberto, Perez e o presidente do Grande Recife Transporte (antiga EMTU), Dilson Peixoto, de arquitetarem o esquema de compra de votos.
O fato levou o trio a anunciar a abertura de três processos contra o vereador: um criminal (calúnia), um cível (dano moral) e outro disciplinar no conselho de ética do partido.
Osmar se disse tranquilo. “Tenho como provar tudo”, assegura.
O CEU também pediu intervenção no PT estadual por “falta de transparência” no PED.
Diante das denúncias, o diretório estadual solicitou à direção nacional o envio de dois membros para acompanharem a votação.
E o acirramento promete continuar mesmo depois de encerrada a votação, o que pode transformar as eleições internas do PT local em caso de polícia.