Por Sérgio Montenegro, em seu blog Se a intenção do ex-prefeito João Paulo (PT) era demostrar independência do governador Eduardo Campos (PSB), escolheu um momento adequado para pedir demissão da Secretaria de Articulação Regional.

E mostrou que a cada dia que passa, aprende mais sobre raposismo político.

Embora tenha entregue o pedido de exoneração na quarta-feira (18), o petista deixou para anunciar sua saída no dia em que Eduardo iniciou a sua quarta caravana de visitas a cidades do interior.

Com o comandante ausente do Palácio, ele atraiu todas as atenções na cena política, e deixou uma batata quente nas mãos dos articuladores do governo.

Ao pedir demissão agora, João Paulo desfaz a tese - muito comentada desde julho passado, quando foi convidado para assumir a secretaria - de que o governador teria dado um “nó” no PT, ao colocar sob suas rédeas os dois principais líderes do partido, Humberto Costa e o próprio ex-prefeito.

Desde que assumiu a pasta, o petista vinha galgando espaço político pelo Estado.

Mas enxergou que para atingir seus objetivos teria que desfazer a imagem de que estava sob controle de Eduardo Campos.

Há um segundo motivo para a decisão, interlilgado ao primeiro: candidato declarado ao Senado pelo bloco governista em 2010, João Paulo vinha trombando com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, do PSB.

Os dois brigavam por uma das vagas na chapa, já que a outra, segundo consta, estaria destinada ao petebista Armando Monteiro Neto.

O que se sabe é que João Paulo não estava satisfeito com a postura do governador, que, na sua opinião, estaria deixando correr solta essa disputa interna, sem se mobilizar para barrar as pretensões de Bezerra Coelho.

O fato é que o acontecimento expõe uma crise política no governo, e causa um abalo na relação entre Eduardo e o PT, principal aliado do PSB, cujo apoio é importante para garantir a reeleição do governador.

Ao tomá-la, João Paulo deve estar, inclusive, pronto para optar por uma candidatura à Câmara dos Deputados.

E é provável que ele esteja mesmo apostando suas fichas nessa alternativa, talvez imaginando sair das urnas como o deputado federal mais votado do Estado em 2010.

Até porque, quem conhece Eduardo Campos sabe que vai ser muito difícil ele vir a convocar o ex-secretário para compor a sua chapa majoritária depois de todo esse tumulto.