Doce pássaro da Juventude Por Paulo Sérgio Scarpa, na coluna Pinga Fogo Não é um grande filme, apesar do forte argumento, transformado em melodrama para ser comercial.

Apesar do diretor Fábio Barreto ter dito, ontem, na sessão lotada no Teatro Guararapes, ser seu melhor e mais maduro filme, os 128 minutos não conseguem resumir, com clareza e nitidez, a trágica e desgraçada vida de uma família de migrantes nordestinos cujo filho chegou à presidência da República.

Mas mostra um homem cheio de ideais, princípios e esperança.

Feito para emocionar, sem nenhum constrangimento, Lula, o filho do Brasil, emociona muito mais pela interpretação despojada de Glória Pires, a dona Lindu, a personagem mais realista da história.

Enquanto a vida do menino, do jovem e do homem Lula é contada através de rápidas cenas, não costuradas pelo roteiro.

O filme cresce, com vigor, na fase sindical, e chega a seu auge ao contar a greve de 1977 com o estádio de futebol lotado repetindo as palavras de Lula, por causa da falta de aparelho de som, já que ninguém acreditava na adesão em massa dos metalúrgicos.

Apesar de uma platéia selecionada e disposta a aplaudir (18 fileiras reservadas a convidados vips, gente do governo do Estado, da Prefeitura do Recife, políticos e cargos comissionados), os aplausos pipocaram quando Lula, menino, enfrenta o pai ao agredir a mãe. “Homem não bate em mulher”, grita o menino, para o delírio da platéia.

O filme tem tudo para ter continuação, da criação do PT aos dias atuais, a vida política de Lula, antes e depois da presidência.

Depois, claro, de virar seriado de TV pela Globo Filmes, uma das produtoras.