Por Luciano Siqueira O deputado Ciro Gomes, do PSB, conversa com o governador Aécio Neves, de Minas Gerais, do PSDB.
Ambos ostentam a condição de postulantes a candidatura à presidência da República.
Os jornais anunciam que eles tratam exatamente disso: da disputa presidencial do ano que vem.
Eles não desmentem.
E as coisas passam a ser vistas como se estivessem em busca de uma aliança eleitoral. É possível?
Ora, mesmo sendo razoável dizer que em política tudo pode acontecer – o autor dessas linhas já viu de tudo, menos uma vaca voar… -, não parece consistente a hipótese de que o deputado e o governador estariam costurando um acordo eleitoral.
A começar pelos partidos a que pertencem, perfilados em campos opostos na atual cena política do país.
O PSDB do governador Aécio comanda a oposição de centro-direita, combatendo frontalmente o presidente Lula e o seu governo.
O PSB do deputado Ciro está entre os principais partidos integrantes da coalizão governista.
Entre o PSDB e o PSB não há convergências acerca dos rumos do país.
O PSB defende, em linhas gerais, a orientação do governo Lula.
O PSDB, mesmo sem um discurso articulado e perdido em questiúnculas pontuais, é abertamente defensor de postulados do neoliberalismo.
O governador Aécio, ao que parece, embora um líder de grande dimensão entre os tucanos, não detém a hegemonia no seu partido – portanto não teria condições de promover uma guinada para apoiar o deputado Ciro.
O deputado Ciro Gomes, por seu turno, nome de grande expressão no PSB, tampouco teria força para afastar o seu partido da coalizão liderada pelo PT.
Postas essas premissas, restam duas hipóteses para explicar o colóquio entre o governador mineiro e o deputado cearense.
Uma: ambos interessados em se cacifar no interior dos seus partidos tendo em vista o projeto da candidatura à presidência promoveriam, assim, uma manobra diversionista destinada tanto a sublinhar que a escolha do governador José Serra, de São Paulo, ainda não está consolidada no PSDB; como para firmar a idéia de que, no PSB, o apoio à candidatura da ministra Dilma, do PT, não pode ser considerado ainda favas contadas.
Daí a segunda hipótese, que complementa a primeira: ambos estariam fazendo jogo de cena no intuito de aferir bons resultados no interior dos seus partidos.
Nada mais que isso.
Entretanto, como têm responsabilidade pública, ficam instados a explicitar em quais das grandes questões nacionais encontram, entre si, convergências – se que elas existem.
PS: Luciano Siqueira (www.lucianosiqueira.com.br ; https://twitter.com/lucianoPCdoB) é vereador do Recife e escreve para o Blog sempre às quartas.