De Política / JC A seis dias das eleições internas do PT, o vereador Osmar Ricardo – integrante do Campo de Esquerda Unificado (CEU) – foi à tribuna da Câmara do Recife, ontem, fazer mais uma acusação de compra de voto por parte de integrantes da tendência adversária, Construindo um Novo Brasil (CNB).
A nova denúncia foi vista pelo secretário estadual das Cidades e líder da CNB, Humberto Costa, como “uma tentativa de tirar a legitimidade” do processo eleitoral.
Humberto também acredita que a acusação deve criar um clima de animosidade no debate de hoje entre os candidatos à presidência do PT do Recife.
Segundo Osmar, a compra de voto se daria entre os eleitores da zonal 148, que compreende os bairros do Ibura e Jordão, Zona Sul do Recife.
Ele apresentou cópia de uma planilha que seria a “prova” da fraude.
Na primeira das sete folhas, constam os nomes dos membros da chapa da CNB, os dos coordenadores da campanha e uma estimativa total de votos e de gastos – 600 votos ao custo de R$ 12 mil.
Nas demais folhas constam o nome de alguns filiados, a expectativa de votos que cada um pode conseguir e a discriminação de cada despesa, como telefone, transporte, combustível e almoços com filiados.
Na tribuna, Osmar foi mais incisivo do que o deputado federal Fernando Ferro – candidato à presidência estadual do PT pelo CEU –, que, na última quinta-feira, insinuou compra de voto, mas não citou nomes.
Ontem, Osmar citou nominalmente o atual presidente estadual do PT, Jorge Perez, o secretário estadual das Cidades, Humberto Costa, e o presidente do Consórcio Grande Recife, Dilson Peixoto, como patrocinadores da irregularidade. “O partido está acima deles. É preciso que os que não têm estrutura sejam respeitados”, disse ele, para uma plateia formada por sete vereadores, nenhum petista.
O discurso de Osmar abriu espaço para críticas de vereadores de oposição ao PT.
Daniel Coelho (PV), Aline Mariano (PSDB) e Priscila Krause (DEM) se revezaram no bombardeio. “É por isso que votamos contra a criação de cargos comissionados e empregos temporários, pois é assim que o PT age”, disparou Daniel. “Essas pessoas estão provando do veneno do seu próprio partido”, tripudiou Priscila.
OUTRO LADO Candidato à reeleição, Perez explicou que a planilha não mostra um plano de compra de votos, mas sim uma estimativa de gastos feita pela chapa da CNB que está concorrendo na zonal 148, mas foi descartada pelo comando da tendência por ter sido considerada elevada demais. “Toda campanha organizada tem que ter planejamento e orçamento.
Um outro foi feito e ficou em 30% deste valor (R$ 3,6 mil)”, disse ele, reclamando da “falta de seriedade” de Osmar.
Já Humberto alegou que todas as chapas fazem cálculos de quanto deve gastar nas campanhas, o que não implica irregularidade. “A acusação é até um desrespeito com a militância do PT.
O que não pode é receber contribuição de pessoa jurídica ou de quem não é do partido” disse.
O JC tentou contato com Dilson, mas não obteve êxito.