De Política / JC O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá assistir pela primeira vez ao filme Lula, o filho do Brasil – sobre a sua trajetória – no próximo dia 28, na cidade de São Bernardo do Campo (São Paulo), onde fez carreira como sindicalista e iniciou as atividades políticas.

Essa é a perspectiva mais provável, segundo informou ontem a assessoria do Palácio do Planalto.

Inicialmente estava prevista a vinda do presidente ao Recife, na próxima quinta-feira (19), para assistir à avant-première da película, que será exibida somente para convidados no Teatro Guararapes, do Centro de Convenções.

No domingo à noite, porém, o governador Eduardo Campos admitiu que essa hipótese estava mais distante.

Lula foi convidado por Eduardo para a sessão especial de lançamento do filme no Recife.

O governador queria aproveitar a nova visita do presidente ao Estado, marcada para a próxima sexta-feira (20), quando os dois vão participar da inauguração da fábrica da Perdigão Alimentos, na cidade de Bom Conselho, no Agreste Meridional.

O próprio Eduardo, porém, afirmou que Lula estaria receoso, temendo ser acusado de estar utilizando o filme como instrumento eleitoral.

Embora a assessoria do Planalto tenha informado ontem que a presença no lançamento do filme não estava na agenda, não descartou de todo a possibilidade.

Na quinta-feira, o presidente tem uma série de compromissos no Rio Grande do Norte, e a previsão inicial é de que ele pernoite em Natal (RN) e siga de avião, na manhã da sexta, para Maceió (AL), onde embarca em um helicóptero para Bom Conselho.

Os assessores admitem que, caso haja um entendimento entre o presidente e o governador, Lula poderia optar por dormir no Recife, abrindo espaço na agenda para assistir ao filme à noite, no Teatro Guararapes.

DONA CANÔ Ontem, a matriarca do clã Veloso, dona Canô, 102 anos, desistiu da ligação que faria ao presidente Lula para dizer que a opinião do filho mais famoso, o cantor e compositor Caetano Veloso, não reflete o pensamento da família.

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, publicada no dia 5, Caetano disse que votaria em Marina Silva (PV) para presidente, caso seja candidata, porque ela “não é analfabeta como Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro”.

Dona Canô desistiu da ligação, depois que ela e um de seus filhos, o secretário de Cultura de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, Rodrigo Velloso, conversaram com Caetano, no início da tarde de ontem. “Melhor deixar esse assunto para trás”, disse Rodrigo. “O que precisa ficar claro é que as opiniões de Caetano são de Caetano, não da família Veloso, muito menos da nossa mãe.” Ontem à tarde, Caetano ligou para a casa da mãe querendo saber o que estava acontecendo.

De acordo com dona Canô, o filho disse que as declarações foram aumentadas e a repercussão do caso “é culpa da imprensa”. “Sempre foi assim: Caetano fala e vocês (jornalistas) aumentam”, argumenta a matriarca. “Conheço meu filho, ele iria não fazer isso (dar as declarações) porque ele me respeita”.