O Brasil deve adotar medidas extraordinárias para proteger a sua moeda e evitar o agravamento das condições provocadas pela valorização do real diante do dólar.
Foi com este alerta que o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, abriu nesta terça-feira o 4° Encontro Nacional da Indústria (ENAI).
O evento, em Brasília, reúne 1.500 empresários e líderes setoriais de todo o país.
Segundo ele, o câmbio valorizado prejudica o desenvolvimento do setor. “A indústria brasileira não pode ser desmontada por conta de fatores conjunturais que reclamam uma atitude firme do governo”, disse.
Monteiro Neto alertou que diante de um cenário atípico, com taxas de juros negativas nos Estados Unidos e adoção estratégica, pela China, de política cambial atrelada à desvalorização do dólar é justa uma posição ativa e vigilante da indústria.
Cabe, segundo o líder empresarial, um aperfeiçoamento da política cambial, estabelecida quando o problema era a escassez de divisas. “Não é mais este o problema do Brasil.
Uma atualização da política cambial traria, portanto, elementos mais eficazes, sobretudo em relação à saída de recursos”.
A forte expansão do gasto público também foi destaque no pronunciamento do anfitrião.
O presidente da CNI lembrou que houve aumento de 13,5% na rubrica de pessoal do governo este ano.
Ao todo, os gastos correntes já representam 17,6% do Produto Interno Bruto (PIB), toda a riqueza produzida pelo país. “E como resultado, o espaço para o investimento no setor público fica cada vez mais restrito”, alertou.
A CNI defende que, no curto prazo, ainda é possível construir pontes em direção a um modelo voltado para a competitividade, o que pressupõe a desoneração do investimento e a aprovação de marcos regulatórios eficientes, bem como o fortalecimento da qualidade e independência dos órgãos de regulação.
O Encontro Nacional da Indústria termina nesta quarta-feira, com a entrega da Carta da Indústria, às 13h.
A carta é o ponto de partida para o documento consolidado que a CNI entregará, no ano que vem, aos candidatos à Presidência da República nas próximas eleições majoritárias.