Da BBC Brasil O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta segunda-feira, em Roma, um chamado a que os países destinem recursos ao combate à fome, em uma cúpula marcada pela ausência de líderes das nações mais ricas – em tese as principais financiadores das iniciativas.

Em um discurso de 18 minutos no início da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar da ONU, Lula disse que “os líderes mundiais não evitaram gastar centenas e centenas de bilhões de dólares para salvar bancos falidos”. “Com menos da metade desses recursos seria possível erradicar a fome no mundo”, afirmou o presidente, acrescentando que o combate à fome “continua praticamente à margem da ação coletiva dos governos". “É como se a fome fosse invisível”, criticou.

O encontro é promovido pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura.

Críticas Segundo a organização, são necessários investimentos da ordem de US$ 200 bilhões por ano em agricultura primária nos países em desenvolvimento para atender à demanda global por alimentos até 2050, um aumento de 50% em relação aos níveis atuais.

Só a ajuda dos países ricos, diz a FAO, deveria ser de US$ 44 bilhões por ano em agricultura alimentar, – contra US$ 7,9 bilhões gastos atualmente a cada ano.

Entretanto, as mensagens pedindo mais recursos para o combate à fome caíram em um vazio nesta segunda-feira em Roma, já que esta reunião ocorre sem a presença de lideranças importantes do mundo desenvolvido.

Em compensação, não faltaram críticas aos líderes ausentes. “Eu lamento a ausência dos países ricos neste encontro. É uma mensagem clara de que os ricos decidiram não tomar medidas para combater a fome no mundo”, disse o líder líbio, Muamar Khadafi, na sua vez de falar. “Esta cúpula é sobre a mobilização de recursos e sem os países ricos, ninguém está dando nada para ninguém.

A mensagem é que cada um tem de cuidar do seu próprio problema.” Leia mais.