Por Edilson Silva Em recente reunião de sua direção o PSOL aprovou a formalização de um diálogo com a pré-candidata do PV à presidência da República, Marina Silva.
A presidente nacional do PSOL, Heloisa Helena, comandará a equipe destacada pelo partido para a tarefa.
O gesto do PSOL em direção à candidatura de Marina Silva já é em si carregado de forte simbolismo.
O PSOL dá sinais claros de que não é um partido estreito e que não se auto-proclama o único detentor das prerrogativas e potencialidades para aglutinar as variadas sensibilidades presentes no campo da oposição conseqüente ao governo Lula.
O PSOL dialogará com a pré-candidatura de Marina Silva em base a pontos programáticos que julga centrais: busca de coerência política nas alianças eleitorais nos estados; construção de um modelo econômico distinto do atual e em favor da maioria da população; vinculação com as demandas dos movimentos sociais; defesa dos processos de afirmação da soberania e independência dos países latino-americanos; e defesa de um Estado brasileiro verdadeiramente democrático, transparente e sem corrupção.
O gesto político do PSOL, portanto, busca pontos programáticos convergentes com Marina Silva, de forma que uma possível aliança eleitoral possa converter-se em algo superior, uma unidade mais que partidária, que guarde coerência e força suficientes para se materializar em ruptura, num horizonte comum de idéias simples e palatáveis, para que possa ser compartilhado com milhões de brasileiros e brasileiras que querem ética na política, justiça social, respeito aos direitos humanos e responsabilidade com a questão ambiental.
Mas as preocupações do PSOL vão além.
A própria democracia que temos no Brasil está em risco.
As elites do país sonham com uma democracia em que disputem pra valer o poder de estado apenas dois projetos falsamente antagônicos, como ocorre nos Estados Unidos, por exemplo, onde o Partido Republicano alterna-se no poder com o Partido Democrata desde sempre.
No Brasil atual estes dois projetos são encabeçados por um lado pelo PT e por outro pelo PSDB.
Em torno destes partidos gravitam os demais partidos fisiológicos e os setores mais poderosos da mídia e do empresariado.
Interessa a estes esta polarização conservadora, deixando aos que não se submetem a esta guerra de faz de conta as migalhas da mera legitimação do seu processo eleitoral.
Além de forçar esta polarização no cotidiano da vida da população, estas forças estão em plena ofensiva para varrer do mapa os descontentes, de forma que não possam sequer participar minoritariamente da disputa pelo poder. É o caso da cláusula de barreira que não sai da pauta política do país e contra a qual o PSOL e outras siglas menores vêm lutando heroicamente. É o caso das tentativas de reforma eleitoral que tentam impedir que partidos como o PSOL tenham acesso aos debates de TV e rádio para expor suas idéias.
Querem calar completamente as vozes de oposição e independentes.
Portanto, diante deste quadro de ofensiva contra a pouca democracia que nos resta, torna-se ainda mais importante as forças de esquerda, democráticas, populares, progressistas e socialistas, buscarem a unidade para cavar um espaço relevante na disputa real dos rumos do nosso país.
Tudo o que as elites querem neste momento histórico grave, em que uma crise econômica movimenta-se perigosamente no subterrâneo da sociedade, é que nas eleições de 2010 o PT e o PSDB sejam as únicas opções relevantes à disposição dos eleitores brasileiros.
Esta questão deve ter a devida hierarquia na definição dos rumos da tática eleitoral da verdadeira esquerda deste país.
PS: Edilson é presidente do PSOL-PE e membro da Executiva Nacional do PSOL.