Editorial do Jornal do Commercio desta sexta É que entre a sua conclusão e hoje, a nossa capital recebeu um número de veículos inimaginável naquela época de início da indústria automobilística nacional e de crédito curto.

Fazer o trânsito entre a Ponte de Limoeiro, onde ela começa, e a BR-101, onde termina, ou vice-versa, deixou de ser algo fácil e rápido, o que ainda é agravado por dezenas de sinais que, em vez de entrarem num esquema planejado de “onda verde”, fazem uma “onda vermelha” quase intransponível.

Mas não é exatamente este o tema do nosso editorial de hoje, apesar de que a “onda vermelha” muito contribui para agravar o problema que abordamos: a via tornou-se um corredor de assaltos.

Presas no congestionamento, as vítimas são atacadas sem cerimônia.

Além disso, o número de assaltos a transeuntes, e até mortes, vem crescendo ali e nas imediações.

Apesar de a estatística crimes de morte, que põe Pernambuco como um dos Estados com mais homicídios no País, vir caindo ultimamente no cômputo geral.

O transporte coletivo também não escapa à vulnerabilidade, seja na Avenida Norte, seja em outras artérias da cidade.

Além de ter de encarar ônibus incômodos, insuficientes, superlotados, mal dirigidos, sem horário certo, os usuários ainda se veem à mercê de bandidos, perdem dinheiro e pertences e, às vezes, a vida.

Repassando o noticiário dos últimos meses, podemos encontrar casos como o de um jovem de 28 anos abordado por um assaltante e assassinado na esquina da Rua Soares Moreno com a referida avenida, além de dezenas de outros registrados diariamente.

Temos de apoiar e louvar o sucesso da Polícia ao conseguir, depois de muitas cobranças e vãs tentativas, fazer caírem as estatísticas de crimes de morte em Pernambuco, especialmente no Grande Recife.

Mas isso não dá às autoridades o direito de dormir sobre os louros.

Atenção constante se faz necessária para conseguir novos pontos.

Já ficou comprovado, por exemplo, que a ação policial em sintonia com as comunidades se revelou, aqui como no Rio de Janeiro, resultados animadores.

Sentindo-se protegidos e confiando na polícia, os cidadãos já não temem o poder de ação e intimidação da bandidagem.

A presença atuante e constante da autoridade não é nada mais que obrigação.

Invadir uma favela, prender ou matar alguns bandidos, atingindo quase sempre também moradores pacíficos, vítimas constantes da imperícia ou negligência de policiais, apreender drogas, armas, munições, nada disso resolve o problema se o poder público não recuperar o terreno que perdera para o crime organizado.

O próprio termo “invadir”, tão utilizado nos noticiários policiais, já indica que aquele território é considerado inimigo, hostil.

Esse reconhecimento tácito é o retrato mais nítido do panorama anormal instalado em nosso País, não apenas em nosso Estado.

Além de ocupar espaços, evitando o vazio de autoridade, criando um clima de entrosamento e cooperação entre população e polícia, uma vigilância atenta e eficaz deve ser feita em todos os corredores de trânsito e bairros.

Outro ponto a merecer urgente e eficiente atenção do poder público é a situação insustentável do nosso transporte coletivo.

Nada contra o transporte privado.

Mas é direito da população e dever do Estado, concedente de serviços públicos, um serviço decente e abrangente de metrô, ônibus e veículos alternativos aprovados.

Só assim, diminuirá a quantidade insuportável de veículos nas vias de trânsito e, consequentemente, o trânsito fluirá mais fácil, não deixando o cidadão à mercê de assaltantes.

O que estamos falando especificamente sobre a Avenida Norte Miguel Arraes é somente um detalhe de uma situação intolerável e que já perdura demasiado.

Em dezenas e dezenas de outros pontos do Grande Recife, assaltos e assassinatos se repetem, além de invasões de residências.

Escolhemos essa via por sua importância e extensão.