(Foto: Marcos Michael / JC Imagem) Por Manoel Medeiros Neto, de Política / JC Conhecido pelo poder de articulação política, o governador Eduardo Campos (PSB) vai precisar de muito jogo de cintura para conter a sua base aliada na Assembleia Legislativa em relação às costuras em torno da chapa governista ao Senado.

Se não bastasse o duelo entre os petistas Humberto Costa e João Paulo por um dos espaços, a pré-candidatura do secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho (PSB), ganhou fôlego esta semana na Casa.

Dos 35 parlamentares que compõem a bancada aliada, muitos não escondem a necessidade de uma coalizão de forças políticas que privilegiem a Região Metropolitana do Recife, por um lado, e o Sertão, do outro.

Líder do Partido Republicano (PR) na Assembleia, o deputado Henrique Queiroz é um dos mais entusiasmados: acredita que Bezerra Coelho “agrega” forças. “Ele congrega, estimula o eleitorado do Sertão, do Agreste, de todas as regiões, porque está seguindo o estilo do governador Nilo Coelho (gestor biônico entre 1967 e 1971 e tio de Bezerra, já falecido), industrializando Pernambuco de ponta a ponta”, ressaltou.

Apesar de deixar claro que a condução do processo é do Palácio – como admitiram todos os parlamentares entrevistados pelo JC –, as declarações de Henrique Queiroz alarmaram setores governistas que apoiam as pré-candidaturas de João Paulo, Humberto Costa e Armando Monteiro Neto (PTB).

Queiroz é hoje o político com mais mandatos na Casa de Joaquim Nabuco – sete – e possui influência significativa nas regiões da Mata e do Agreste.

A possibilidade do secretário, em caso de não conseguir espaço na majoritária, disputar uma vaga na Assembleia estaria forçando parlamentares a admitirem o apoio a Bezerra Coelho.

A eleição proporcional do secretário desestabilizaria as campanhas de candidatos à reeleição com votações majoritariamente concentradas no Sertão.

Outro “alerta” seria a possibilidade de Bezerra Coelho já entrar na Assembleia cacifado para presidir a Casa, fato que também acende o sinal amarelo em diversos gabinetes da instituição.

Além de Henrique Queiroz, o “potencial majoritário” de Coelho foi ressaltado ontem por Ceça Ribeiro (PSB), Eriberto Medeiros (PTC), Geraldo Coelho (PTB) e Cleiton Collins (PSC).

O deputado Ciro Coelho (PSB), primo do secretário, também já admitiu que entrou no PSB “por ter aderido ao grupo político de Fernando Bezerra Coelho”.

Na contrapartida, setores do PT e PTB admitem o incômodo.

O argumento é o mesmo: não é “saudável” que um partido ocupe duas vagas na majoritária, já que Eduardo encabeçará a chapa da reeleição.

O deputado André Campos (PT), por exemplo, defende a escolha dos nomes de Armando e João Paulo.

Apesar do senão, todos admitem que, se as condições à reeleição de Eduardo permanecerem boas, a centralização da escolha dos candidatos ao Senado torna-se um fato. “Deve haver um consenso em torno da decisão do governador”, pacificou Clodoaldo Magalhães (PTB).