(Foto: Marcos Michael / JC Imagem) Por João Valadares, de Cidades / JC A duplicação do Viaduto Capitão Temudo, na Ilha Joana Bezerra, uma das principais obras viárias da cidade, responsável pela ligação do Centro à Zona Sul, sofre com um impasse.

O projeto original, elaborado em 1976, previa a construção de oito pilares nas proximidades dos trilhos do metrô, sendo que dois deles ficariam justamente entre as linhas de ferro.

Quando o plano foi elaborado não havia metrô no local.

Mais de 30 anos depois, a obra saiu do papel.

Detalhe: com um metrô no meio do caminho.

O poder municipal entendeu que não era necessário atualizar o projeto e, agora, terá que gastar R$ 3 milhões a mais com a readequação.

A superintendência do Metrô do Recife (Metrorec) informou à prefeitura que, para levantar os pilares e tocar a obra neste trecho, os operários só poderiam trabalhar três horas e meia por dia, por questão de segurança.

Paralisar todo o sistema para construção dos dois pilares acarretaria 200 mil pessoas sem transporte público enquanto o trecho da duplicação estivesse sendo erguido.

O horário diário proposto seria entre meia-noite e 3h30, período em que é possível desligar a rede de energia com 3 mil volts.

A prefeitura descartou a proposta do Metrorec.

Até 15 de dezembro, promete apresentar novo projeto para avaliação.

Em razão disso, vai ser assinado um contrato aditivo.

As obras, orçadas em R$ 32 milhões, deveriam ser entregues em outubro.

O novo prazo é junho do próximo ano e o novo preço, 35 milhões.

Na tarde de ontem, o presidente da Empresa de Urbanização do Recife (URB), Jorge Carreiro, explicou que era impossível mobilizar todo o pessoal para trabalhar apenas três horas e meia por dia. “É inviável para a prefeitura.

O custo iria lá para cima.

Por isso, estamos fazendo um projeto de readequação para apresentar ao metrô.

Acho que não vamos ter mais problemas.” Questionado por que a prefeitura não fez a atualização do projeto antes de iniciar as obras, evitando o transtorno, ele respondeu que o poder municipal entendeu que não haveria tantas restrições para construir os pilares.

Carreiro descartou um erro de avaliação. “Não podemos dizer que houve erro.

Não readequamos o projeto original porque achávamos que era possível fazê-lo.” Ele informou que, agora, o projeto prevê diminuição de oito para seis pilares com consequente aumento do vão entre eles. “Temos que recalcular as peças estruturais (fundação, vigas e pilares).

Vamos aproximar os pilares do muro do metrô.

O vão vai ser ampliado.

Mesmo assim, teremos que colocar um pilar central (provisório) entre as linhas.

Mas isso a gente faz rápido.” Ele fez questão de salientar que não houve prejuízo para o município. “Se tivéssemos feito a atualização, a solução seria a que vamos apresentar agora.

Não teríamos outra solução de engenharia.

Então, haveria este aumento de R$ 3 milhões da mesma forma no contrato original.” De acordo com Carreiro, o atraso na obra não se deve ao impasse. “Estamos tocando o serviço.

Há várias coisas que estão sendo executadas.

A obra não está parada.

Há quatro meses estamos conversando com o metrô sobre a questão.

Tivemos problemas com desapropriações.” O gerente de projetos do Metrorec, João Batista Neto, informou que, para construir os dois pilares entre os trilhos, não haveria outra alternativa. “Eles teriam que se adequar a este horário.

Não podemos interromper o metrô.

Temos respeito à população.

Seriam 200 mil pessoas prejudicadas todos os dias.

Até as nossas atividades de manutenção são realizadas em horários alternativos. ” Ele destacou o aspecto de segurança. “A nossa rede aérea tem 3 mil volts.

Já baixamos até a altura do fio.

Poderíamos ter acidente com mortes.

Qualquer acidente pode causar transtorno grave.

Um equipamento que se solte pode paralisar todo o sistema.” EXTENSÃO O trecho que está sendo duplicado tem 580 metros de extensão, do Centro em direção a Boa Viagem.

No sentido contrário, serão 480 metros.

A área do impasse tem 60 metros.

Duas alças complementam o projeto, ligando o viaduto à Rua Imperial e permitindo acesso direto a bairros como Afogados, Areias, Estância e Imbiribeira.

Com as alças, quem trafegar pela Rua Imperial poderá subir o viaduto e acessar a Avenida Agamenon Magalhães.

Os que forem em direção a Boa Viagem, poderão descer do viaduto e entrar na Rua Imperial, ganhando tempo para chegar a bairros da Zona Oeste.

Oito faixas de rolamento comportarão o fluxo de veículos nos dois sentidos do novo viaduto.

Hoje, são quatro.