Por Terezinha Nunes O Brasil vive uma guerra urbana sem precedentes e que, cada dia mais, nos desafia e nos incomoda diante da pouca alternativa de resolvê-la a curto ou médio prazo.

Aqui, acolá, governos estaduais conseguem reduzir alguns índices mas, invariavelmente, eles, infelizmente, acabam recrudescendo.

Aqui em Pernambuco, no governo Jarbas, se chegou a reduzir em até 14% o índice de homicídios mas depois ele voltou a subir.

Agora o governo Eduardo chega, segundo informações oficiais que ainda carecem de uma análise mais detalhada, a uma redução em torno de 12% nos homicídios, mas a violência que diminui no Grande Recife aumenta em volume e ousadia no interior.

Basta citar o que aconteceu recentemente em Salgueiro onde bandidos sequestraram um capitão da PM, conseguiram levar mais de 50 armas de grosso calibre de quatro quartéis e até agora não se desvendou o crime.

Os números de 2007 e 2008, só agora disponibilizados, mostram que das 12 Regiões Administrativas do Estado em apenas três houve redução de homicídios.

Nas demais o problema aumentou.

O investimento puro e simples no aparelho policial não parece suficiente para resolver o problema.

Consegue no máximo reduções eventuais ou muito pequenas, inexpressivas até quando se sabe que em Pernambuco ainda se mata mais de 4 mil pessoas a cada ano.

O exemplo da Colômbia demonstrou que só o investimento massivo nas áreas periféricas e abandonadas das grandes cidades, onde impera a ausência do estado e da lei, pode fazer cair abruptamente a violência.

Além, é claro, do combate ao narcotráfico.

Não parece prudente imaginar que os estados ou os municípios sozinhos consigam fazer isso.

O governo federal não só pode como deve se unir a este esforço e até liderá-lo, combatendo o narcotráfico e o contrabando de armas feito abertamente através de nossas desguarnecidas fronteiras e investindo de forma permanente nas áreas carentes dos centros urbanos.

Infelizmente, porém, o presidente Lula revelou, há poucos dias, para nosso desalento, que não sabe como equacionar o problema do narcotráfico.

Depois de sete anos de poder e de nenhuma iniciativa, o presidente ainda age como se não fosse com ele.

Até porque se tivesse visto que este é hoje o maior problema brasileiro teria transformado o PAC, um programa eleitoreiro e de obras inacabadas, em um projeto que buscasse levar para as pessoas hoje indefesas diante do narcotráfico, sobretudo os jovens mais pobres que matam e morrem diariamente nas mãos de traficantes, escolas de qualidade, assistência na área de saúde e nos esportes, ajudando a recuperar a auto-estima dessa juventude completamente desprovida de esperança.

O presidente, porém, conserva os olhos fechados e ou ouvidos moucos.

Resta-nos esperar que o seu sucessor faça diferente e, se não resolver, que, pelo menos, inicie um grande projeto nacional de enfrentamento a esta questão que incomoda a todos e que começa a manchar nossa imagem internacional no momento em que traficantes ousados abatem helicópteros da PM no Rio de Janeiro, exatamente, quando nos preparamos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Que as providências surjam, antes que seja tarde demais.

PS: Terezinha Nunes é deputada estadual do PSDB