Por Edilson Silva Está lá no blog do Zé Dirceu: “Marina candidata dá adeus à coerência.

Ao aliar-se ao PSOL, a senadora Marina Silva (PV-AC), presidenciável de seu partido, coloca-se na oposição radical não só ao governo Lula, como ao PT.

Rompe, assim, totalmente com o seu passado e revela o caráter não programático de sua candidatura (…)”.

O posicionamento de Zé Dirceu se deu logo após declarações de Marina Silva à imprensa afirmando que busca apoio do PSOL à sua candidatura.

Não vamos aqui discutir a autoridade de Zé Dirceu para tocar no tema coerência.

O capo do PT, ao acusar o golpe preventivamente, dá por tabela um recado curto e grosso: a candidatura de Dilma Roussef treme diante da possibilidade de aliança entre Marina Silva e o PSOL, cujo símbolo junto ao povo é a futura senadora por Alagoas, Heloisa Helena.

Ele sabe que o resultado da química entre estes dois pólos pode ser muito maior do que uma simples soma de percentuais em pesquisas de intenção de voto, e que pode ter desdobramentos pós-eleitorais nada animadores para ele e sua forma condenável de fazer política.

Mas, obviamente, o objetivo do líder petista ao voltar suas baterias contra Marina Silva e o PSOL não é dar este aviso ao mundo e demonstrar esta fraqueza, o que seria um desserviço ao seu campo político.

Sua declaração tem outros objetivos: por um lado provocar Marina Silva ou seus interlocutores para que desmintam a afirmação de que sua candidatura é de oposição radical ao governo Lula e ao PT, e por outro tentar amarrar a base eleitoral e militante do PT, acusando Marina Silva de rompimento com seu passado, trazendo a idéia de abandono e traição.

Zé Dirceu está preocupado em ganhar a eleição de 2010, mas está preocupado também com a manutenção da musculatura militante do PT e da ex-esquerda que ele representa.

Ao tentar arrancar declarações de Marina Silva contra a “oposição radical a Lula e o PT”, tenta transformar o potencial diálogo entre esta e o PSOL numa torre de Babel.

Zé Dirceu pode ser tudo, menos burro.

Ele está disputando o perfil da candidatura de Marina Silva, que com seu simples gesto mais à esquerda gerou esta inquietação na cúpula petista.

Que venham mais gestos nesta direção por parte de Marina Silva e que ninguém do lado de cá caia nas provocações primárias de Zé Dirceu.

A reorganização de uma esquerda autêntica, coerente e com força política, agradece.

PS: Edilson ( www.twitter.com/EdilsonPSOL ) é presidente do PSOL-PE e membro da Direção Executiva Nacional do PSOL.