Ao ler seu voto, o ministro Joaquim Barbosa chamou a atenção para uma nota fiscal no valor de R$ 4,5 milhões emitida pela SMP&B em nome de Eduardo Azeredo para que ele saldasse compromissos pessoais diversos em plena campanha. “Esse recibo demonstra que o acusado tinha ingerência sobre o caixa de sua campanha e que as empresas a estavam irrigando de maneira ilícita”, observou Joaquim Barbosa.
E prosseguiu, “não há na defesa uma única palavra sobre este documento, este recibo de 4 milhões e 500 mil reais”.
Joaquim Barbosa ressaltou ainda o que chamou de “fatos revelados” – as estatais mineiras jamais haviam patrocinado os eventos desportivos apresentados na denúncia em valores tão elevados, o que “seria bastante significativo para a caracterização da fraude”.
Até 1998, o patrocínio era feito pela Secretaria de Comunicação do governo, e não pelas estatais, e os valores eram infinitamente inferiores.
Em 1995 e 1996, citou o ministro, o estado destinou R$ 50 mil ao enduro.
Já em 1997, o valor subiu para R$ 200 mil, também repassados pela secretaria de Comunicação do governo.
No ano eleitoral de 1998, o patrocínio saltou para R$ 3 milhões, aumento de 5.900% em relação a 1995 e 96, e de 1.100% em relação a 1997.
Salientou o ministro que o patrocínio ocorreu menos de 15 dias antes da realização do Enduro da Independência. “A viabilidade de um patrocínio milionário fornecido às vésperas do evento é induvidosamente questionável, ao meu sentir”, afirmou Joaquim Barbosa.