Por Edilson Silva www.twitter.com/edilsonPSOL Para as eleições do próximo ano, longe das articulações fisiológicas que predominam em torno das pré-candidaturas do PT e do PSDB à presidência da República, um campo político distinto vem sendo pavimentado no imaginário popular.

Os maiores símbolos deste campo são duas mulheres: Heloisa Helena e Marina Silva.

A primeira rompeu com Lula e o PT por divergências programáticas e liderou a fundação do PSOL em 2004, que abrigaria mais tarde, em 2005, uma segunda ruptura, daqueles e daquelas que romperam com Lula e o PT no ápice da crise do mensalão.

Marina Silva rompeu com o PT e o governo Lula agora em 2009, por claras divergências na política ambiental, mas não veio ao PSOL, preferindo fundir-se ao PV.

O campo onde estão inseridas Heloisa Helena e o PSOL e também Marina Silva e sua pré-candidatura à presidência da República, é um terreno ainda difuso do ponto de vista programático.

A ida de Marina Silva ao PV, agregando relevantes contradições à sua movimentação, é um dos principais elementos que contribuem para esta pouca clareza.

O que existe mesmo de comum e mais palpável neste campo até aqui é o rompimento crítico com o governo Lula e com o PT.

Neste sentido, podemos pensar na ruptura do grupo de Marina Silva com o governo Lula como parte de um processo progressivo ao qual o PSOL também pertence.

Um processo que já se mostrou ser amplo, histórico, complexo, permanente e gradual na reorganização das forças de esquerda, democráticas, progressistas, populares e socialistas.

Estas rupturas de maior visibilidade, tudo indica, se somam a incontáveis outras que vem se processando cotidianamente, quase que anonimamente, de sindicalistas, estudantes, religiosos, intelectuais, lideranças populares, indivíduos indignados, etc.

Estando certa esta hipótese, e torço para que esteja, pois estamos diante de um fenômeno ainda em evolução, pode ter-se aberto no Brasil e em nível internacional, dadas a amplitude e pertinência do tema ambiental, o papel do Brasil neste debate e o porte de sua porta-voz oficial neste momento, Marina Silva, mais um pólo de reorganização destas forças, tudo indica com relevante apelo popular.

O PSOL deverá debruçar-se sobre esta temática nos próximos meses para definir uma posição oficial em sua conferência nacional eleitoral em março de 2010, mas desde já está bastante claro que não se trata de fazer cálculos eleitorais, mas sim de se buscar uma sinergia de valores políticos, éticos, de se somar sim, esperanças e sonhos, de se tentar recolocar em marcha milhões sob o signo da fé na luta e na organização popular.

Trata-se da tentativa de criarmos um horizonte comum, sem divisões, para todos e todas que querem mudar nosso país para melhor, com um programa mínimo capaz de fazer nossa sociedade romper com a pequena política e avançar rumo a uma organização social com democracia, liberdade e justiça, com uma política econômica alternativa e em prol da maioria dos brasileiros, com respeito pleno aos direitos humanos e valorização estratégica do nosso meio ambiente.

Há espaços para um bom diálogo nesta direção e esperamos que tanto o PSOL quanto a pré-candidatura de Marina Silva estejam à altura de compreender que o que está em jogo é bem mais que uma rodada eleitoral.

PS: Presidente do PSOL-PE e membro da Direção Executiva Nacional do PSOL