De Elio Gaspari, em O Globo Quem não gosta de Nosso Guia precisa se mobilizar para impedir que o PSDB destrua a oposição brasileira.
O tucanato tornou-se um ingrediente tóxico tanto no atacado como no varejo.
No atacado, o governador José Serra quer paralisar o partido, jogando para março o anúncio do nome do candidato à Presidência da República.
Se o problema fosse apenas de prazo, Serra teria argumentos para justificar sua posição.
Lamentavelmente, a questão é outra: ainda não se sabe se Serra quer trocar uma reeleição certa para governador por uma candidatura a presidente que a cada dia parece mais pedregosa.
Talvez nem ele mesmo saiba.
Recordar é viver: durante todo o ano de 2005 a popularidade de Lula sofreu uma forte erosão.
Entre agosto e dezembro as pesquisas do Datafolha indicavam que ele perderia a eleição do ano seguinte para Serra.
Em janeiro de 2006 o quadro começou a virar e no final de fevereiro Nosso Guia botou oito pontos de frente.
Em março Serra tirou o time de campo.
Serra quer esperar até março sem que haja qualquer garantia de que irá para a briga.
Já o governador Aécio Neves quer uma decisão rápida, caso contrário disputará uma cadeira de senador.
Não se poderia esperar que o neto de Tancredo Neves fosse a uma disputa de mato-ou-morro, mas o ultimato de Aécio indica que ele já achou a saída de emergência.
O PSDB tornou-se um tóxico também no varejo.
Em vez de fazer oposição, sua bancada no Congresso associa-se às piores iniciativas da bancada governista e da banda esperta do PMDB.
O tucanato denuncia as maracutaias petistas, mas é incapaz de levantar a voz diante das malfeitorias dos seus hierarcas.
Noves fora o mensalão mineiro, em cujo processo está denunciado pelo Ministério Público o ex-presidente do partido, senador Eduardo Azeredo, o tucanato teve um governador e um senador cassados pelo Supremo Tribunal Federal (Cássio Cunha Lima e Expedito Júnior).
Isso deixando-se de lado a ruína de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul.
O PSDB deu os votos necessários para que o Senado e a Câmara aprovassem a Bolsa IPI que borrifaria os exportadores com créditos de R$ 34 bilhões, pelo menos.
Fez isso mesmo depois do Supremo Tribunal Federal ter derrubado a pretensão dos empresários.
Vexame final: Lula vetou o mimo.
Na semana passada, iniciativas de três tucanos (Flexa Ribeiro, Marcos Monte e Roberto Rocha) puxaram os interesses do ruralismo das trevas para aprovar um projeto de anistia para desmatadores.
A moralidade foi defendida por militantes do movimento Greenpeace que, acorrentados a poltronas do plenário da Câmara, fizeram um escarcéu e transferiram a votação do projeto.