Por Edilson Silva Nos últimos dias a população de Recife e região foi surpreendida com duas notícias no mínimo exóticas: a possibilidade de leilão do Parque da Jaqueira, por parte do INSS, que é o proprietário do terreno, e a cobrança de tributos de moradores de Recife, Jaboatão e Cabo em favor dos cofres públicos de Olinda, denominado Foral de Olinda.

O Parque da Jaqueira é uma área de lazer tão enraizada no cotidiano da população do Recife que seu desaparecimento chega mesmo a parecer impensável.

Os tributos municipais de Olinda, cobrados de moradores de Recife, Jaboatão e Cabo, são amparados numa lei de 1532, ou seja, remonta ao período imperial.

Parece que há mais municípios envolvidos no suposto imbróglio, mas isto é irrelevante para o que vamos tratar aqui.

Estes dois fatos, absurdos em sua essência, somam-se a outros também absurdos, como o confisco criminoso de parte significativa dos valores das aposentadorias e pensões dos segurados do INSS, que se aposentam com mais de um salário mínimo e com o decorrer do tempo vão vendo seus benefícios descendo ao valor do piso nacional.

Há outros absurdos, como os soldados do Exército Brasileiro dispensados dos quartéis no intervalo do almoço para fazer suas refeições em casa.

E isto não é uma opção, é porque não há comida suficiente nos quartéis.

Ficamos por aqui nos exemplos.

O que há de comum nestes fatos? É o povo pagando a conta das opções da política econômica de FHC/Lula, porém agora com um agravante por conta da crise econômica global, aquela da marolinha, que não chegou ainda ao noticiário político dos jornais, mas passeia diariamente nos cadernos de economia, cotidiano e agora curiosidades.

Os gestores do INSS que propõem o leilão da Jaqueira querem fazer caixa não para pagar benefícios aos seus segurados, mas para permitir ao governo federal a manutenção do pagamento religioso dos encargos aos agiotas/banqueiros que sangram em quase 50% o Orçamento Geral da União todos os anos.

O prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, do PC do B, não quer cobrar o Foral para honrar o pagamento do piso nacional do magistério aos professores de Olinda, que ele não vem respeitando, mas para também permitir ao governo federal a maldita manutenção da agiotagem do sistema financeiro.

Cai o FPM – Fundo de participação dos Municípios, que sangra os municípios de todo o país, mas não cai o FPA – Fundo de Participação dos Agiotas, que se mantém intacto.

Renildo, ao invés de engalfinhar-se com os agiotas e com o governo federal que lhes serve, prefere reivindicar um suposto direito de Olinda da época em que Zumbi dos Palmares sequer tinha nascido.

Enquanto o vulcão não entra em erupção, vai cuspindo estas pérolas, como que avisando que as coisas não vão bem e que algo precisa ser feito em outra direção.

Se a conta desta crise econômica cair desta forma no colo do povo, a situação poderá ficar insustentável.

PS: Edilson é presidente do PSOL-PE e escreve para o Blog de Jamildo semanalmente.