Por Sérgio Montenegro Filho, no www.polislivre.blogspot.com Paciência tem limites.
Esse foi o recado, curto e grosso, enviado à cúpula do PSDB pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves.
Um dos nomes do partido para a disputa presidencial de 2010, Aécio vinha aguardando disciplinadamente que os tucanos escolhessem entre ele e José Serra (SP) quem vai enfrentar a candidata petista Dilma Rousseff.
Esta semana, porém, deu um ultimato à legenda.
Se em janeiro não houver definição, vai se lançar candidato ao Senado.
Ao contrário do seu colega mineiro, a situação de Serra é confortável.
Foi ministro da Saúde de FHC e candidato à Presidência da República em 2002.
Como resultado, tornou-se bem mais conhecido dos eleitores brasileiros.
Outra vantagem do tucano paulista é que ele cumpre o primeiro mandato no governo de São Paulo, e caso resolva não concorrer ao Planalto, tem pela frente a possibilidade de disputar uma reeleição razoavelmente tranquila.
Aécio, por sua vez, está terminando o segundo mandato consecutivo no governo de Minas.
E quer alçar voos mais altos.
Tem a vantagem de ser mais jovem que o correligionário paulista.
Ou seja, pode esperar um pouco mais para tentar o cargo máximo da Nação.
Mas ele acredita que sua hora é agora.
Por tudo isso, o tucano mineiro tem pressa.
O paulista, não.
Embora esteja aparecendo como primeiro colocado em todas as pesquisas sobre a disputa presidencial realizadas até agora, Serra prefere aguardar até março antes de anunciar sua decisão.
Nesse período, vai analisar o desempenho de Dilma - empinada publicamente pelo presidente Lula como candidata praticamente todos os dias - e aguardar o desfecho da disputa interna no bloco governista, travada entre a ministra da Casa Civil e o deputado federal cearense Ciro Gomes, que também postula uma candidatura ao Planalto, contra a vontade do aliado PT.
O jogo de Serra parece simples: se em março ele não sentir firmeza no palanque das oposições, ou achar que suas chances de vencer são muito reduzidas, terá pavimentado mais da metade do caminho da reeleição para o governo de São Paulo.
Afinal, mesmo negando - por enquanto - a candidatura presidencial, o governador tem ocupado generosos espaços na mídia.
Serra está valorizando o passe.
Talvez seja por isso que o PSDB - cuja maioria é declaradamente pró-Serra - tem sido tão complacente diante desse debate interno.
Inclusive evitando a todo custo promover as prévias dentro do partido, que tanto Aécio defende, para a escolha do candidato.
A indefinição está, inclusive, dificultando as alianças do PSDB em vários Estados, onde opositores de Lula aguardam uma definição do candidato a presidente para formar os palanques locais.
O ônus dessa demora provocada por Serra, porém, pode ser maior do que os tucanos contabilizam.
Se chegarem em março sem uma definição, pode ser tarde para recuperar o terreno perdido para Dilma, Ciro e até Marina Silva (PV).
E a partir daí, vai ficar bem mais difícil para Aécio, que ainda precisa rodar muito o País para se tornar conhecido do eleitor.
Enquanto Serra vai ficar assistindo de camarote.