Recife na contramão do verde Por Daniel Coelho O Recife é uma cidade que cresceu de forma desordenada, com pouco planejamento, tendo problemas antigos e crescentes na área ambiental.
A falta de áreas verdes e parques que disponibilizem espaço para o lazer e convivência de nossa população é uma situação que preocupa a todos.
Se já não bastassem os problemas herdados, temos no atual cenário político condutas que estão na contra-mão de tudo o que ocorre no mundo.
No lugar de estarmos lutando por novas áreas verdes, de falarmos em desapropriações para viabilizar novos parques, temos que brigar para não perdermos as conquistas de gestões passadas.
Falar em preservar a Jaqueira, conquistada há muitos anos pelo povo do Recife, ou a luta para não colocarmos o lixo da cidade na Mata do Engenho Uchoa, parecem algo bizarro nos dias de hoje.
Estas lutas marcam as dificuldades de falar de meio-ambiente na era do PT.
Não é por acaso o distanciamento do PV com PT.
Mesmo comungando em alguns princípios com estas antigas forças de “esquerda”, principalmente sobre da justiça social e preocupação com mais pobres, nós temos um abismo entre estes dois projetos, quando se fala de meio-ambiente.
Num novo conceito de sociedade, que discute a qualidade de vida e a sustentabilidade como elemento central de nosso desenvolvimento econômico e social, vemos, nos governos petistas, visões ultrapassadas da realidade.
Estes neoconservadores defendem uma visão estática do mundo do século passado, onde apenas o crescimento da renda traria mais qualidade de vida.
Vale lembrar que estas duas áreas do Recife, citadas acima, são conquistas do tempo em que tínhamos governantes considerados por muitos como conservadores ou direitistas.
Hoje a luta ambiental em Recife se resume a não perdermos o que os governos do PFL fizeram.
Quem diria?
Que governo é esse que, alinhado no plano Federal, Estadual e Municipal, permite a ameaça de áreas tão importantes quanto a Jaqueira e o Engenho Uchoa?
O mais estranho é que, no caso da Jaqueira, o governo ameaçador tenta aparecer como aquele que deseja preservar, apresentando vilões e heróis dessa história que só uma gestão sem compromisso ambiental poderia contar.