Mata Sul, intensidade do tráfico e dos homicídios Por José Maria Nóbrega Apesar da pequena redução dos homicídios no Estado de Pernambuco entre 2006 e 2008, seguindo os dados da INFOPOL/SDS-PE, o crescimento dos homicídios na maioria das regiões do interior do Estado de Pernambuco aponta para outra preocupação nos estudos sobre os homicídios.
A redução do número absoluto para todo o Estado refletiu numa pequena redução na taxa, menos de 2 % para o período 2006/2008.
Isto não se reflete nos dados desagregados por região de desenvolvimento e por municípios em muitos casos.
Alguns deles mostram crescimento de mais de 30 % nas suas taxas.
Com exceção da Mata Norte, do Sertão do São Francisco e da Região Metropolitana do Recife todas as outras regiões de desenvolvimento demonstraram crescimento nos seus indicadores de mortes por agressão/CVLI/homicídios.
Isso nos leva a afirmar que é cada vez mais frequente a violência homicida nas cidades interioranas e isso pode ter diversas causas.
Na Mata Sul, por exemplo, houve um crescimento nos números absolutos de 88 homicídios de 2006 para 2007, um aumento percentual de 26 %.
Em 2006 foram 340 assassinatos na região e em 2007 saltou para 428 mortes desse tipo.
A taxa de hpcmh saltou de 50 para 63, um incremento de 13 mortes violentas intencionais que resultou num acréscimo de 12% na taxa.
Em 2008 a região apresentou uma pequena queda nas mortes em seus números absolutos.
Menos 22 mortes em relação a 2007, com diminuição de 5%, ou 406 mortes por agressão.
Em termos de taxas decresceu de 63 hpcmh para 59,3, um declínio percentual de 6,5% nas taxas.
A cidade de Escada, na Mata Sul, vem aparecendo constantemente nos noticiários com intensa atividade de tráfico de drogas, isto pode ser um indicador para o crescimento da violência nesta região.
Ribeirão também vem apresentando intensa atividade de tráfico, o que pode estar robustecendo as taxas de mortalidade nessa região de desenvolvimento.
A Mata Sul é responsável por quase 10% dos homicídios de todo o estado de Pernambuco.
Além do sertão, a região da mata vem sendo entreposto de traficantes e de práticas dos mais diversos tipos de crimes e violência.
A apreensão recorde de crack, efetuada ontem pela Polícia Federal em Ribeirão – que tem média de taxas de homicídios de 54 mortes por cem mil habitantes - sugere que o crime vem migrando do Sudeste, como levantei numa hipótese sobre a criminalidade no sertão e que uns afirmaram ser perseguição minha.
Apenas uma suposição que pode ser verdadeira ou falsa.
Mas a apreensão de crack feita pela PF em Ribeirão advinha de São Paulo, estado que vem obtendo redução em seus indicadores de violência.
O crime migra, de acordo com as oportunidades para tal.
PS: José Maria Nóbrega é cientista político e pesquisador do NICC-UFPE.