Erro de cálculo ou ma fé?
Por Isaltino Nascimento Vamos fazer um teste matemático?
Se uma taxa aumenta de 14% para 21% qual é o percentual de aumento?
A resposta é 50%.
Qualquer aluno de Ensino Fundamental poderia responder corretamente à pergunta, não é mesmo?
E se esse cálculo é feito por um doutorando em Ciências Políticas, o que se espera?
Que responda correto.
E se ele afirma que a resposta à pergunta acima é 100% e faz publicidade disso em artigo assinado em um dos blogs jornalísticos mais acessados de Pernambuco o que se pode pensar?
O leitor pode não estar compreendendo a temática deste artigo.
O cientista político em questão é José Maria Nóbrega, doutorando de Ciências Políticas da Universidade Federal de Pernambuco.
Convidado sistematicamente por deputados estaduais do PSDB e do DEM para avaliar dados estatísticos sobre a criminalidade em Pernambuco, – como ele mesmo já admitiu – volta e meia desliza em seus cálculos.
A dúvida é se o faz propositadamente – o que seria má fé – ou se por ter dificuldades em realizar cálculos matemáticos.
Em artigo que assinou na segunda-feira (19) no Blog de Jamildo, o referido cientista político afirmou que de 2006 a 2007 os Crimes Violentos Intencionais Letais (CVLI) na área do Sertão Central aumentaram em 100%, para dizer que aquela é uma das áreas mais violentas do Estado.
Se ele tivesse analisado com cuidado os dados do 4º Boletim Trimestral de 2007 e do 4º Boletim trimestral 2008, publicados pela Agência Condepe Fidem, ele teria percebido que a taxa de CVLI em 2006 naquela região foi de 14 por 100 mil enquanto em 2008 foi de 21 por 100 mil.
Daí perceberia que o aumento ocorrido não foi de 100% e sim de 50%.
E que desta forma cometeu um erro de cálculo primário.
Com isso a intenção não é minimizar o aumento na taxa de CVLI no Sertão Central de 2006 para 2008.
Muito menos dizer que este número é satisfatório, pois a cada reunião semanal do Pacto pela Vida é cobrado o cumprimento das metas de redução de criminalidade a todos os agentes públicos envolvidos no plano estadual de segurança.
E a estratégia já resultou na redução dos índices de criminalidade na maioria das regiões do Estado.
Num trabalho de planejamento e gestão que fez Pernambuco alcançar na última segunda-feira (19) a taxa de 12% de redução de homicídios no acumulado ano de 2009.
Voltando aos números sobre o Sertão Central o cientista político ainda omitiu (esqueceu, ou não levou em conta) dos leitores que aquela é a região de Pernambuco com a menor taxa de homicídios por cem mil habitantes do Estado.
Ou seja, a menos violenta do Estado, apesar de ter registrado maior números de ocorrências de CVLI em 2008.
Talvez pela imprecisão nos seus cálculos ou pela omissão de dados é que José Maria Nóbrega foi alvo da indignação do jornalista Emanuel Andrade, de Salgueiro, que em resposta a Nóbrega, no mesmo espaço disse que ele estaria denegrindo a imagem do Sertão.
Faço alguns questionamentos.
Qual a intenção de um doutorando em Ciências Políticas ao escrever um artigo atacando a política de segurança pública, com cálculos errôneos e omissões em um Blog tão importante?
Atender à sua vaidade, promovendo-se pessoalmente?
Disvirtuar dados estatísticos propositadamente?
Ajudar o grupo político ao qual tem vinculação explícita?
Se a resposta for positiva a alguma destas perguntas, é lamentável.
Primeiro porque não tendo atenção nos cálculos que divulgou demonstrou falta de qualificação para se meter nesta seara, o que não ajuda em nada na promoção pessoal de uma pessoa que se diz especialista em segurança.
Segundo, porque se usou de má fé no disvirtuamento dos dados não é um profissional confiável.
Terceiro, porque se tinha a intenção de dar suporte a um grupo político induziu seus integrantes ao erro, como se viu na tarde da última terça-feira (20), no plenário da Assembléia Legislativa.
Na ocasião, a deputada Terezinha Nunes (PSDB), de posse do artigo de Nóbrega, propagou erroneamente que a violência aumentou em 100% no Sertão Central, sem também se ater a um cálculo extremamente simples.
Um cientista político com mestrado na UFPE, doutourando na mesma instituição, professor, com livro publicado, deveria ter a dimensão do que significa o espaço midiático de um Blog.
Se o soubesse, prestaria mais atenção no que escreve antes de enviar para publicação.
Assim, referendo a opinião do jornalista Emanuel Andrade: Nóbrega denegriu a imagem do sertanejo.
E foi além: denegriu a academia e a própria Ciência Política.
Expor opiniões em espaços midiáticos é aberto a qualquer um.
Mas ao divulgar dados estatísticos é necessário ter precisão.
Uma dica para o nobre professor é seguir o exemplo do Governo de Pernambuco, que investiu na qualificação dos dados estatísticos que produz e agora figura entre os Estados com maior precisão em informações sobre criminalidade, segundo o Fórum Nacional de Segurança Pública.
Por fim, tratar com um assunto tão sério não é trabalho para amadores.
Atenciosamente, Isaltino nascimento, deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembleia Legislativa Para especialista em segurança, Sertão é terra sem lei Jornalista sertanejo diz que professor da UFPE só quer denegrir imagem de Salgueiro ao falar de violência Professor da UFPE volta a destacar violência no interior de Pernambuco.
Desta vez, na Mata Sul do Estado