Por Felipe Lima, de Economia / JC O consumidor mais atento já sentiu no bolso: o álcool está mais caro nas bombas dos postos de combustível de Pernambuco.
A alta é de 2,2% nas últimas quatro semanas.
O litro que custava, em média, R$ 1,69 no final do mês passado, passou para R$ 1,73 sexta-feira passada, tendo picos nesse tempo - chegou a até R$ 1,84.
Crise econômica, chuvas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, valorização do açúcar no mercado internacional e mais carros com tecnologia flex nas ruas devido a redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) são alguns dos fatores para o encarecimento do produto em outubro.
Ainda assim, continua sendo mais vantajoso abastecer o veículo com álcool do que com gasolina.
De acordo com o Sindicato Varejista dos Derivados de Petróleo no Estado de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), o valor do álcool deverá girar em torno de R$ 1,74 nos próximas dias.
Já o preço da gasolina está na iminência de sofrer um reajuste.
Isso porque as distribuidoras aplicaram na semana passada um aumento de cerca de R$ 0,10 aos revendedores.
A estimativa do presidente da entidade, José Afonso Nóbrega, é de que o litro do combustível possa chegar a R$ 2,69 (hoje está entre R$ 2,57 e R$ 2,59).
Essa elevação ocorre também pelo etanol mais caro, pois 25% da composição da gasolina é de álcool do tipo anidro.
A alta nesta época é atípica.
Geralmente, o Estado amargava um preço de álcool maior na entressafra de cana-de-açúcar, que ocorre entre março e agosto.
A partir de setembro, quando começava a moagem nas usinas locais, o valor sofria uma queda.
Com a falta de demanda fora do País, o setor sucroalcooleiro brasileiro direcionou a grande parte das vendas de etanol para o mercado interno, evitando a escassez no produto, o que deixou o preço estável em todo o território nacional durante o ano.
A frota de veículos, entretanto, aumentou bastante com as grandes vendas provocadas pelo benefício fiscal concedido à indústria automotiva desde o final de 2008, o que influiu na demanda por álcool, pois a esmagadora maioria dos carros novos saem de fábrica com tecnologia flex.
Em meio a esse cenário, seis usinas pernambucanas e alagoanas atrasaram suas moagens por falta de capital de giro (outro reflexo da crise econômica).
Ainda que o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar) garanta que há oferta regular de álcool no Nordeste, as distribuidoras foram buscar o produto no Centro-Sul.
Esse, por sua vez, teve sua colheita afetada por fortes chuvas que caíram em setembro.
As precipitações, além de atrapalhar o corte da cana e o seu transporte, reduzem o rendimento do produto, menciona o presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha.
Some-se a isso, o fato do açúcar estar experimentando um ótimo momento no mercado internacional, o que fez muitas usinas substituírem a produção de etanol pela do alimento.