Por Kennedy Alencar, da Folha de S.Paulo Nos últimos meses, a opinião pública assistiu ao strip-tease do Senado.
Para ser elegante, digamos que foram revelados atos que equivalem a roubo de dinheiro público.
Ações lesivas aos cofres públicos tomaram conta da gestão do antigo diretor-geral da Casa, Agaciel Maia.
O que aconteceu?
Nada.
Para não ser injusto, algumas medidas adotadas durante a crise vão frear ou impedir desmandos, irregularidades e desvio de dinheiro público.
Mas são grãos de areia.
Houve senador que em cargo importante montou esquema com empresas de mão-de-obra terceirizada.
Favores privados com dinheiro público para amigos, parentes e afilhados políticos foi uma regra do PMDB ao PT, do DEM ao PSDB.
Falta de transparência na realização de obras também correu à solta.
Por questão de responsabilidade jurídica, não vamos dar nome aos bois.
O noticiário deste ano já os forneceu fartamente à opinião pública.
Mas pelo menos um escândalo tem chance de ser punido.
Afinal, o Senado é uma Casa seríssima.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), pediu as imagens do colega Eduardo Suplicy (PT-SP) numa gravação para o programa “Pânico na TV”, da RedeTV!
Tuma está preocupadíssimo com a boa fama do Senado.
Quer averiguar se o senador petista quebrou o decoro e enlameou a Casa.
Suplicy colocou uma sunga vermelha, atendendo ao gentil pedido da apresentadora Sabrina Sato para posar de Super-Homem pelos corredores do Senado.
Suplicy pode ser acusado de marqueteiro, ingênuo, de se expor ao ridículo.
No entanto, é um absurdo falar em quebra de decoro por causa de um episódio desse tipo.
Vai dar oportunidade de a opinião pública fazer uma perguntinha: “Roubar pode?” *Coautoria O título desta “Pensata” surgiu numa conversa no plantão da Folha com a sagaz repórter Johanna Nublat.