Por Ana Lúcia Andrade, de Política / JC Três dias depois de apontar o senador Sérgio Guerra (PSDB) como alternativa da extinta União Por Pernambuco ao governo do Estado em 2010, em caso de o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) recusar o desafio de disputar a eleição, o deputado federal José Mendonça Bezerra (DEM) ataca publicamente o tucano, num movimento diametralmente oposto ao que fez no meio da semana.

Difícil de entender?

Pois José Mendonça exprime seu raciocínio para iniciativa aparentemente espontânea. “Estava maturando sobre as declarações do senador Sérgio Guerra de que a União Por Pernambuco é coisa do passado, que está ultrapassada”, iniciou as explicações ontem, por telefone, referindo-se às observações do senador tucano na coluna Pinga Fogo, do JC, há uma semana.

E continuou: “Quando a União Por Pernambuco foi fundada (em 1993), o senador Sérgio Guerra não fazia parte dela.

Não foi um de seus fundadores.

Entrou depois para ser (candidato a) vice-prefeito do Recife (em 2000), e foi logo fazendo o que é uma característica dele: desunir”.

Mendonção, como é conhecido no meio político, atesta a acusação de “desagregador”, atribuindo a Sérgio Guerra a responsabilidade de ter gerado a primeira e talvez a maior dissidência na aliança jarbista: o chamado Grupo Independente (GI). “Sérgio Guerra colocou para fora da União Armando Monteiro, José Chaves, José Múcio, Luiz Piauhylino e Joaquim Francisco.

Ele tem razão em dizer que a União não existe porque ele procurou desunir o grupo na hora em que entrou nele.

Aliás, essa é uma característica dele”, ressaltou.

O chamado GI foi uma dissidência de 6 deputados federais, criada em 2003.

O grupo se manifestou, na ocasião, insatisfeito com o governo Jarbas Vasconcelos (PMDB), na verdade com um suposto tratamento de “desprezo” a que eram submetidos pelo ex-governador, segundo lembrou um ex-integrante do grupo ontem.

Indagado se com as declarações estaria declarando “guerra” a Guerra, José Mendonça respondeu que não. “Ele é que está declarando (mais uma vez se referindo ao entendimento do tucano de que a União é coisa do passado)”. “Eu sou daqueles que dá um boi para entrar numa briga, mas uma boiada para não sair.

Quando ele (Guerra) diz que a União Por Pernambuco é coisa superada é porque acha que Mendoncinha está superado, Marco Maciel está superado, Jarbas está superado, Roberto Magalhães está superado e só ele está atualizado.

Ele vai é ter dificuldades para se eleger e Marco Maciel já está no 4º mandato (vai tentar o 4º mandato no Senado).

Esse aí que ele chama de superado”.

E o deputado não parou por aí.

Disse que o senador Sérgio Guerra, como presidente nacional do PSDB, está “querendo dar as cartas” no jogo sucessório de 2010. “Isso ele não vai conseguir em Pernambuco”, reagiu.

A aparente intenção de destilar contra Guerra suas críticas e ressentimentos levou o deputado José Mendonça até a tratar de questões pessoais.

Relatou fatos que confirmariam o selo de desagregador que ele imputa ao presidente do PSDB.

Com isso, Mendonça revela um ambiente absolutamente inconveniente à tal unidade e à reedição da União Por Pernambuco (PMDB/DEM/PSDB/PPS) que todos do grupo apregoam. “Onde Sérgio Guerra estiver a desunião tem de haver, porque ele é contumaz nisso”.