No Terra Magazine, já em Arcoverde Os ministros serão quatro, os governadores, oito, e The Economist, Der Spiegel, Le Monde e BBC integram a comitiva de 26 jornalistas desde a segunda-feira nas beiradas do São Francisco.
A “Coluna Lula” mobiliza pelo menos 150 funcionários federais, o avião reserva da Presidência, dois aviões Casa e três helicópteros.
Reserva também alguma disciplina militar da Coluna Prestes.
Ainda no capítulo dos superlativos: a obra, apenas a primeira etapa de todo o projeto, teve licitados R$ 4,5 bilhões.
Estimam-se até mais R$ 2 bilhões para concluí-la.
Até 2025, segundo as projeções dos ministérios envolvidos, 12 milhões de pessoas serão moradores e serão atendidas na região.
Somente no eixo Leste - previsto para ser entregue em 2010 - serão 4,5 milhões de atendidos. (Com base em projeção da população para 2025).
Entre quarta e sexta feira o presidente Lula dormirá nos acampamentos pernambucanos Lote 11, em Custódia (Eixo Leste), e Lote 1, em Cabrobó, Eixo Norte e o mais polêmico da obra borbulhante de polêmicas.
São 8.400 trabalhadores e 4.500 máquinas, segundo Frederico Fernandes, o coordenador regional do projeto.
O acampamento nas obras do principal programa do governo no Nordeste, o de integração do Velho Chico com outras bacias hidrográficas (mais conhecido como “transposição” das águas fluviais para o semi-árido), deve mobilizar e levar aos pontos nevrálgicos os governadores de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará.
No pelotão da “Coluna Lula”, a ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata à presidência, Dilma Rousseff, e os ministros Geddel Vieira Lima, Franklin Martins, Carlos Minc, incluído também o comandante do Exército, general Enzo Peri, da arma responsável pela “infantaria” que iniciou a primeira etapa da transposição.
Aécio Neves, pré-candidato do PSDB, integra a porção Minas do mega-acampamento.
Na revoada de governadores aos canteiros, há mais do que nuances da sucessão eleitoral e do embarque na campanha governista em 2010.
Parte das disputas estaduais será protagonizada pelo governador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Integração Nacional, Geddel Veira Lima.
Ambos prenunciam a briga pelo governo baiano, com a expectativa de palanque duplo na Bahia.
A expedição presidencial sobrevoará cerca de 713 km, entre visitas a obras e deslocamentos do trecho Leste para Norte.
Lula e “Coluna” irão a, no mínimo, sete pontos.
Dois dias antes da chegada do presidente, que desembarca na quarta-feira, 26 jornalistas aterrissaram em Arcoverde (PE) para conhecer previamente o andamento do projeto.
A cidade do agreste pernambucano, que tem 68 mil habitantes, alterou sua rotina no início da noite desta segunda-feira, 12, na expectativa de ver Lula no desembarque dos aviões da FAB.
O movimento de helicópteros impõe o uso de câmeras e de celulares.
Em Arcoverde, há uma profusão de lan-houses, templos evangélicos e farmácias.
No cinema Rio Branco, fundado em 1917, seguem em cartaz os filmes “Os Normais 2”, “Scooby-Doo!”, “Apaixonados” e “Mulher Invisível”.
O roteiro presidencial engloba ainda as cidades de Custódia, Floresta, Cabrobó, Salgueiro (PE), Buritizeiro, Pirapora (MG), Xique-Xique e Barra (BA).
As obras de Transposição do Rio São Francisco são criticadas pela Comissão Pastoral da Terra e movimentos sociais ligados aos ribeirinhos.
Os opositores do projeto denunciam o predomínio do uso econômico da água (para irrigação e indústria), as debilidades físicas da bacia doadora, a degradação e o assoreamento do rio, além da alteração do regime fluvial.
O programa de revitalização também é criticado por priorizar o esgotamento sanitário, em vez de investir na recuperação das matas ciliares. “A verdadeira revitalização só será possível com a garantia dos territórios das populações tradicionais, que tem o rio como fonte de vida.
São os pescadores artesanais, os vazanteiros, geraizeiros, povos indígenas e quilombolas que produzem alimentos e preservam o rio”, diz um panfleto da Articulação Popular pela Revitalização do São Francisco, que vai ser distribuído durante a passagem da comitiva presidencial.
O bispo de Barra, dom Luiz Cappio, fez duas greves de fome contra o projeto do governo Lula.
Pessoas próximas ao religioso afirmam que ele não pretende estar em Barra durante a visita do presidente.
Mas há articulações para protestos.