Por Augusto Coutinho Matéria publicada no Jornal do Commercio apresentou trechos do relatório do Tribunal de Contas do Estado de uma auditoria operacional sobre a situação dos hospitais estaduais.
As conclusões do relatório apontam para um quadro um tanto diferente, como diz a matéria, uma realidade que desmistificaria o caos na saúde.
Isso porque o que os auditores encontraram nos hospitais seria uma situação contrária ao que se pensa.
Assim, por exemplo, em vez de déficit no quadro de médicos, ocorreria na verdade uma falta de controle no cumprimento da carga horária.
O relatório aponta ainda a existência de outros problemas, como ociosidade no uso das salas de cirurgia, cobrança indevida de anestesias, deficiência de controle interno e várias outras questões importantes.
Hoje, o Cremepe divulgou nota contestando pontos do relatório e acusando o governo do Estado de “incompetência”, que, segundo a entidade, estaria provada em diversos outros pontos do relatório.
No entanto, quanto à questão do déficit, ou do não déficit, de médicos, o Cremepe foi incisivo: “desafiamos qualquer instituição a demonstrar que as escalas de plantão das emergências dos hospitais públicos, inclusive a do HR, estejam completas nas diversas especialidades”.
Não quero entrar no mérito da questão sobre que está certo, se o Cremepe ou o TCE, mesmo porque acho que o que foi apontado pelas duas entidades leva a uma única conclusão, essa sim indiscutível: há uma falta total de gestão na saúde de Pernambuco.
Se não há médicos, o governo deveria, como inclusive se comprometeu publicamente – e não cumpriu –, contratar mais pessoal.
Se não falta e o problema é ausência de controle de frequência, o diagnóstico é um só: o desleixo em relação à saúde no Estado é gritante e desumano. É ele a origem do caos consolidado que devasta os hospitais públicos de Pernambuco.
Há muito venho insistindo nesse ponto.
Construir novos hospitais não basta para resolver o problema da falta de gestão.
Mas o governo insiste em dizer que resolve, mesmo diante da evidente falta de controle da secretaria de saúde sobre as unidades hospitalares que controla.
Por outro lado, a iniciativa do governo de entregar a gestão dos hospitais a organizações sociais está longe de ser um consenso no meio médico do Estado.
Pessoalmente, sou a favor da idéia.
Mas ela precisaria ser melhor discutida com os servidores, com os médicos, com a sociedade em geral.
Isso porque uma parte das críticas ao sistema não procede, outras sim.
Mas o governo se nega ao debate e continua perdido.
Uma prova disso é o próprio projeto de lei do governo enviado à Assembléia.
O projeto aprovado fala em criar fundações para gerir os hospitais.
Sem mudar a lei aprovada, o governo mudou de posicionamento e ao invés de fundações agora fala em organizações sociais.
Parece pouca a diferença, mas não é.
Cada uma tem modos, deveres e obrigações próprias.
Por que essa mudança sem justificativas?
Qual o verdadeiro projeto do governo para a saúde?
Por que o governo não consegue gerir o ponto de um hospital?
Por que a secretaria de saúde se nega ao debate?
Perguntas sem respostas.
O governo não quer responder porque não tem o que dizer.
Não saber gerir, não tem soluções, não responde a perguntas.
Esta é a grande marca do atual governo na saúde no Estado.
PS: Deputado Augusto Coutinho(DEM) líder da Oposição na Assembleia Legislativa