Por Ines Andrade e Jorge Cavalcanti/Política/Jornal do Commercio As recentes discussões sobre a repartição das riquezas da região do Complexo Industrial e Portuário de Suape, em especial dos municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho, expuseram a rixa história entre Elias Gomes (PSDB) e Lula Cabral (PTB).

A briga se confunde com a política do Cabo, onde os dois nomes disputam constantemente espaço.

Abertamente eles assumem posicionamentos opostos na questão das riquezas e trocam farpas públicas.

Nos bastidores, montam estratégias para se fortalecer no pleito 2010.

Lula Cabral (PTB), prefeito do Cabo, já chegou a ser anunciado por sua legenda como possível candidato a deputado federal.

Diante da reação negativa gerada com a possibilidade de deixar a gestão municipal, explorada pela oposição, negou publicamente a intenção.

Hoje, alega que só discute candidatura em 2010.

Caso Lula não se lance a federal, o presidente da Câmara de Vereadores do Cabo, Gessé Valério (PTB), seria uma das opções. “Mas só serei deputado se for federal.

Não estadual.

Disputaria a vaga de José Múcio.

Se o prefeito não for candidato”, condiciona Valério, lembrando que teve mais de 5 mil votos.

Entre as opções para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa, estão a secretária municipal de Programas Sociais e da Mulher, Edna Gomes, e Everaldo Cabral – irmão do prefeito que deve tentar a reeleição.

O pleito para a Prefeitura do Cabo, em 2012, deverá envolver a disputa do ex-deputado Betinho Gomes, filho de Elias Gomes, hoje gestor de Jaboatão dos Guararapes.

Do lado de Lula Cabral, os nomes cotados – segundo Valério – são o dele, ou de Edna Gomes, ou ainda de Vado da Farmácia, atual vice-prefeito.

Betinho já assume que pretende ser candidato a deputado estadual no próximo ano.

Nesse contexto, acrescenta, está mobilizando a oposição no Cabo. “Estamos tentando unificar a oposição, para ter uma ação conjunta, qualificar os partidos para as eleições futuras”.

Para isso, conta que a oposição tem feito mobilização nas ruas, panfletagens, apontando falhas da administração atual.

Em outubro, anuncia Betinho, o PSDB muda a sua direção no Cabo. “Vou assumir a presidência.

Vamos dar mais visibilidade ao partido”.

Hoje, a oposição reúne também o PPS, DEM, PMDB, PV, PRTB, PSL, PMN e PSDC.

ICMS Nesse clima de constante conflito, o debate sobre a divisão das riquezas do Cabo ganhou contornos políticos.

A partir de um projeto de lei da deputada estadual Elina Carneiro (PSB), de criação de um distrito em Suape, Elias Gomes lançou e encabeçou a proposta de criação de um fundo com recursos de parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de Ipojuca e do Cabo.

A verba seria redistribuída entre os demais municípios do Estado, com uma parcela maior para as cidades do entorno de Suape.

A proposta de Elias não foi bem recebida por Lula Cabral, que criticou o adversário por querer transferir recursos do Cabo para um município já rico: Jaboatão.

Na ocasião, Lula disse que Elias Gomes não fazia essa defesa quando era prefeito do Cabo.

Para o tucano, por sua vez, o oponente sequer quis ouvir a proposta debatida, politizando o assunto.

Por isso, Elias preferiu “institucionalizar” o debate, solicitando à Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), também favorável à repartição, para tomar a frente da questão. “Acho que o prefeito do Cabo não entendeu e não quis entender a proposta.

Ela é clara e permite uma redistribuição mais justa do ICMS.

O Cabo não vai perder recursos.

Mas pode ganhar.

Em vez de discutir, ele (Lula) buscou fazer disso uma bandeira política.

Hoje, a posição dele é clara, tem o objetivo de ser prefeito de Ipojuca.

Está olhando para 2012”, alfinetou Betinho Gomes.

Na última quinta-feira, Lula Cabral reuniu diversos segmentos da sociedade, no Teatro Barreto Junior, para “alertar a população da proposta de Jaboatão”.

O gestor argumenta que defende o interesse do Cabo e não discute matéria inconstitucional.

Sobre as declarações de Betinho Gomes, responde que “não vai dar vitrine a Elias Gomes”.

Para ele, o adversário deveria deixar os recursos do Cabo e buscar indústrias para Jaboatão.