Por Carlos Cardoso Filho Que a proposta de Emenda à Constituição do Estado nº 06/09 a qual pretende criar o “Distrito Estadual de Suape” é inconstitucional ninguém duvida.

Contudo, alguns aspectos precisam ser bem abordados para que aventuras legislativas como essas não venham a surgir a torto e a direito.

De partida, é preciso que se saiba que o Porto de Suape, a refinaria e o estaleiro estão assentes no território do Município do Ipojuca.

Os municípios devem ter suas potencialidades desenvolvidas de acordo com o que a natureza lhes reservou e conforme as políticas de desenvolvimento empreendidas por cada governo, seja ele municipal, estadual ou federal.

Nas décadas de 80 e 90, a praia badalada era a de Itamaracá, e o pólo de calçados era o de Timbaúba.

Ouvíamos que Olinda era uma instância turística e nos orgulhávamos por ela ser protegida pelo selo do patrimônio histórico e cultural da humanidade.

Se por um lado ter o selo ajudou Olinda a preservar seu sítio histórico e sua tradição, por outro, certamente, o endurecimento da legislação de proteção acabou inviabilizando seu crescimento.

Questões parecidas – sempre ligadas à falta de uma política séria de planejamento e desenvolvimento – fizeram com que Itamaracá e Timbaúba também perdessem o espaço econômico que suas potencialidades naturalmente lhes garantiriam.

O litoral de Pernambuco possui uma costa privilegiada.

Seus recortes e suas belezas naturais lhes permitem desenvolver atividades econômicas como: pesca, turismo e portos.

Mesmo sem políticas de fomento à atividade pesqueira, consegue-se, artesanalmente, tirar do mar muito do que se consome de pescados. É a força de um povo criativo e bravo.

O que acontece em Suape é a chance de um povo trocar o chapéu de palha pelo capacete da construção, a enxada pelo lápis.

Quem cortava cana já passa a fazer navios.

Isso é motivo de alegria para os pernambucanos dos demais municípios do Estado de Pernambuco.

A participação de empresas e trabalhadores de vários municípios no que é erguido em Suape é facilmente explicada: Ipojuca sozinho não atende à grande demanda de prestadores de serviços e fornecedores de insumos.

O desenvolvimento já é aproveitado para muito além das fronteiras municipais do Ipojuca.

O povo de Pernambuco espera dos que fazem o Poder Legislativo debates que proporcionem políticas públicas voltadas ao desenvolvimento das potencialidades de cada localidade, de Afrânio a Fernando de Noronha; de Brejinho a Jatobá.

Marquemos bem os nomes dos políticos que, ao invés de projetarem e lutarem pelo desenvolvimento digno de cada região do Estado, preferem – acanhadamente e com uma visão ainda colonial e paternalista – entregar pronto aos cidadãos dos demais municípios a riqueza que todos poderiam produzir honrosamente em suas próprias localidades.

Quem conhece a história e o DNA do povo pernambucano sabe que seus cidadãos não aceitariam viver do que é produzido em solo ipojucano, mas sim do que as potencialidades de cada lugar podem produzir.

Se alguns deputados chegaram àquela Casa Legislativa estadual sem a devida condição de olhar e ver, tocar e sentir e ouvir e entender, contem com os irmãos ipojucanos que há tempo lutam por transformar vocação turística e destino industrial-portuário em vida digna e melhores dias para o seu povo.

PS: Carlos Cardoso Filho é Auditor Tributário do Ipojuca há 15 anos