Por Miriam Lacerda Num Estado que detém recordes de homicídios, a violência atormenta a todos, da capital ao sertão, e cuja fama negativa já rendeu notícias internacionais, deixar de aplicar recursos repassados pelo Governo Federal para investimento em segurança é um acinte. É um desrespeito com o povo.

E o mais grave, Pernambuco vai perder o repasse de recursos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) para 2009, uma punição do Ministério da Justiça para os Estados que demonstraram descompromisso com o programa de combate à violência.

A gravidade dessa notícia salta aos olhos, principalmente por que não faltam recursos para a propaganda do Governo Eduardo e não se tem notícia de que alguém esqueceu de investir todos os recursos para tentar convencer a população de que Pernambuco é uma “ilha de segurança”.

Mesmo sem que a população – principalmente a mais carente – sinta melhora alguma, o Governo Eduardo insiste em dizer que a violência reduziu.

E insiste no jargão do “nunca antes na história em Pernambuco” se teve tanta segurança.

Só para entender o que significa o descompromisso do Governo Eduardo com a aplicação dos recursos federais destinado ao combate a violência: O Ministério da Justiça investiu R$ 1,4 bilhão nos Estados em 2008.

Pernambuco entrou na cota dos seis Estados que gastaram menos de 30% das verbas repassadas em 2008, junto com Goiás, Bahia, Pará, Alagoas e Espírito Santo.

Outros 14 Estados sequer informaram como gastaram o dinheiro.

O que é inaceitável, uma vez que todos sabemos que o combate à violência é complexo e exige o compromisso de todas as esferas.

Não bastasse Pernambuco figurar no topo da lista dos Estados mais violentos, hoje está na Imprensa nacional como um dos Estados que “esnoba” os recursos do Governo Federal.

Agora cabe ao Governo de Pernambuco informar quanto foi o valor destinado ao nosso Estado e, principalmente, porque cargas d´água não foram gastos sequer 30%.

Em último, o governo deve uma satisfação à sociedade sobre em que gastou.

Essa incompetência para tirar as ações do papel e para cumprir promessas feitas ao povo pernambucano me deixa estarrecida, mas não surpresa. É marca registrada da gestão Eduardo Campos a falta de gerência e de planejamento nas mais diversas áreas, vide o caos que se espalha pela saúde pública, vitimando tanta gente Estado afora.

Vide a Refinaria, que anda altamente comprometida no Tribunal de Contas do Estado, com sérias suspeitas de superfaturamento.

Vide a própria segurança pública que, a despeito do discurso do governador sobre “a polícia nas ruas”, não tem avançado.

Polícia na rua é importante, mas todos sabemos que o combate a violência e a construção de uma cultura de paz exige ações efetivas e muito mais do que propaganda na televisão.

Os números e, principalmente, o lamento de tantas mães, pais, maridos, esposas, filhos e filhas que perdem entes queridos na guerra urbana não me deixam mentir.

Sou de Caruaru e testemunho quase que diariamente o aumento desenfreado da criminalidade no interior do Estado, a reboque do tráfico de drogas.

Infelizmente, com a suspensão dos recursos do Pronasci para Pernambuco, várias cidades do interior do Estado que sofrem com os alarmantes índices da violência ficam prejudicadas, entre elas Caruaru, que está entre os municípios pernambucanos punidos pelo Ministério da Justiça por conta da incompetência do Governo do Estado.