Por Isaltino Nascimento Quem critica a atitude da diplomacia brasileira em dar abrigo em sua Embaixada ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, enxerga o país no papel de mero figurante do jogo político mundial. É preciso compreender que o Brasil não é mais coadjuvante neste cenário, tendo conquistado respeitabilidade econômica e notabilidade por suas posições pacifistas e democráticas.

Os críticos do presidente Luís Inácio Lula da Silva parecem querer convalidar um golpe de estado no momento em que no mundo predominam os regimes democráticos.

Sem falar que a América Latina lutou muito para varrer para a lata de lixo da história as ditaduras militares de outrora, não podendo permitir retrocessos desse tipo no Continente.

Se a população hondurenha é contrária ao dispositivo da reeleição e se suas leis assim preconizam, o ideal era que a classe política daquele país resolvesse a questão por meios constitucionais e não dando brechas a instalação de uma ditadura.

Afinal, existem instrumentos legais a que podem recorrer para resolver questões deste tipo.

O Brasil, por exemplo, se utilizou do recurso do impeachment no caso que envolveu o ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Não se pode comungar é com um regime de exceção, que impõe toque de recolher, proíbe a veiculação de notícias e age com violência.

Como se sabe a embaixada é território neutro e não constitui em ilegalidade dar abrigo a um político que pediu asilo.

Além disso, o Planalto já deixou claro que se opõe seu ao uso para fins políticos.

No caso hondurenho, o governo brasileiro não defende ingerências externas para solucionar o conflito, mas sim “a legalidade e o respeito” às convenções internacionais.

E Lula compreende que a via da solução dos problemas políticos na América Latina é a que compromete os países respeitosos à democracia e ao Estado de direito.

Desta forma, o presidente brasileiro vê a questão de um prisma maior.

Ou seja, demonstra que sua preocupação é evitar situações que conspiram contra a paz, o desenvolvimento e a democracia no mundo.

O que significa maturidade política do nosso chefe de Estado, que já sentiu na pele as agruras provocadas por um regime de exceção.

Por isso, defende que a solução para quaisquer tensões ou disputas existentes em outras nações devem ser resolvidas pacificamente e através do diálogo.

Isaltino Nascimento (WWW.isaltinopt.com.br), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembléia Legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.