De Política/JC O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem, no Recife, que parte do PMDB – mesmo a cúpula do partido decidindo apoiar a ministra Dilma Rousseff (PT) – vai caminhar com o candidato tucano à Presidência da República em 2010.

E, para ele, será justamente a parcela dos peemedebistas não ligada a fisiologismos. “Existem setores do PMDB que não estão gostando do modo da aliança atual do governo, que é muito baseada no ‘toma lá da cá’.

São setores que querem fazer política com princípios”, afirmou.

Implicitamente, FHC admitiu que o PMDB deve mesmo se aliar ao PT em 2010, e preferiu não mensurar qual será o tamanho da dissidência peemedebista em favor do candidato tucano. “É pouco provável que (o PMDB) caminhe unido”, disse.

O ex-presidente veio ao Recife para o lançamento do livro Política de Ideias, do senador Marco Maciel (DEM), seu vice-presidente nos oito anos da gestão (1995-2002).

Ele procurou não se aprofundar ao tratar de política e relações exteriores.

Mas abriu uma exceção ao fazer vários elogios à senadora Marina Silva (AC), pré-candidata a presidente pelo PV. “Tenho muito respeito por ela. É uma candidatura que enriquece o debate político”, analisou.

FHC crê que a candidatura de Marina não enfraquecerá o postulante tucano à Presidência, seja José Serra (SP) ou Aécio Neves (MG).

Sobre o imbróglio que o Brasil se envolveu em Honduras, Fernando Henrique fez críticas sutis à condução do caso pelo governo.

Ele sugeriu que houve açodamento do presidente Lula ao tomar parte em favor do presidente deposto Manuel Zelaya.

Para ele, o Brasil deveria ser mais cauteloso porque “não tem um lado com toda a razão”. “O presidente (Zelaya) foi deposto dentro da regra, e por outro lado houve excesso ao expulsá-lo do País. (…) Não quero avaliar a relação externa do meu País, mas é claro que há problemas”, disse.