De Política/JC Apesar de sua postura sempre diplomática, o senador Marco Maciel (DEM) reconheceu ontem que a campanha eleitoral do próximo ano será “muito disputada” em função da perspectiva de renovação da Presidência da República, do Senado, do Congresso Nacional e dos governos estaduais.
Até porque, segundo o ex-vice-presidente da República, “não há duas eleições iguais”.
Maciel, contudo, não quis avaliar possíveis reflexos da crise do Senado na disputa eleitoral do próximo ano, quando pretende disputar a reeleição. “Ainda estamos distantes da eleição. É cedo”, ponderou.
Maciel lançou ontem à noite, no Arcádia do Paço Alfândega, seu livro Política das Ideias – uma compilação de 42 discursos e artigos escritos desde 2003.
Mesmo ressaltando que não houve convite formal para o evento, os correligionários do senador fizeram questão de mobilizar toda a base eleitoral, reunindo aproximadamente mil pessoas - de acordo com os organizadores -, incluindo líderes nacionais, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o líder do DEM no Senado, Agripino Maia, e o presidente nacional do Democratas, deputado federal Rodrigo Maia (RJ).
Para alavancar a campanha de Maciel, imprimindo um ritmo mais acelerado – já que, tradicionalmente, o senador preza pela discrição –, o DEM transformou o lançamento em um ato em defesa da ética na política, colocando como exemplo as ideias do ex-vice-presidente expostas no livro.
O senador fez questão de ressaltar que o seu objetivo, com a edição dos textos, é abrir um canal de comunicação direta com os formadores de opinião. “É um exemplo de pedagogia cívica.
Temos que manter um diálogo com a sociedade, buscando alternativas para os problemas do País.
A palavra escrita tem um peso maior.
Espero que possamos debater propostas.
Temos que pensar no futuro”, disse Maciel, referindo-se ao conteúdo de seus textos.
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirmou que o livro “é uma contribuição positiva” para um cenário que tem revelado as “fragilidades” do Senado. “É um fato importante diante de tantas coisas ruins neste processo político.
Os candidatos (senadores) terão que se desdobrar para sensibilizar o eleitor.
Não vai ser uma campanha fácil”, opinou.
Rodrigo Maia adiantou que o trunfo da campanha de Maciel será justamente sua trajetória de vida pública sem máculas. “Isso o fortalece muito.
Será muito importante a questão ética na eleição para o Senado depois dos escândalos”, avaliou.
A posição de Maia vem de encontro à adotada pelo deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB), pré-candidato a senador.
Ao avaliar a postura de Maciel diante da crise no Senado, Armando afirmara que ele seria cobrado pelo eleitor por ter optado pela discrição em vez de ter posições claras.
Para Maia, a postura de Maciel, pelo contrário, o fortalecerá. “A crise revelou que ele é uma das reservas morais da Casa”, disse.