Deu no Correio Braziliense A saída de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central para disputar as eleições em Goiás em 2010 abriu as portas para uma debandada no comando da instituição.
Pelo menos três diretores já informaram que não devem virar este ano em seus cargos.
O primeiro a deixar o BC tende a ser o diretor de Política Econômica, Mário Mesquita, maior defensor da política restritiva de juros para manter a inflação dentro das metas.
Meirelles, inclusive, já teria sondado alguns nomes no mercado para a vaga.
Estão na fila ainda o diretor de Política Monetária, Mário Torós, e o diretor de Liquidações, Gustavo Matos do Vale, esse, prestes a se aposentar.
A decisão de Mesquita de sair do BC causou frissom nos mercados.
Há o temor de que o seu posto e o de Torós, vistos como os dois falcões da instituição, sejam ocupados por pessoas mais flexíveis no combate à inflação, o que seria conveniente para o governo, que teme um possível aumento dos juros em meio às eleições, um problema para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que disputará a sucessão do presidente Lula.
As substituições de Mesquita e Torós causam apreensão porque há uma aposta generalizada no mercado de alta dos juros em 2010 para que a inflação fique nas metas.
Essa aposta, por sinal, consolidou-se na sexta-feira passada, quando o BC ampliou de 3,9% para 4,4% a estimativa de inflação para o próximo ano, devido ao forte aumento dos gastos públicos.
Para 2011, o BC já vê inflação de 4,6%, acima do centro da meta definida pelo Conselho Monetário (CMN), de 4,5%.
As mudanças no BC entraram na ordem do dia dos analistas.
Com Henrique Meirelles praticamente filiado ao PMDB para concorrer ao Senado ou ao governo de Goiás, especula-se quem será seu sucessor. “O ideal é que o governo não cause ruído ao optar por alguém sem o perfil para o cargo e sem conhecimento técnico de política monetária”, disse Zeina Latif, economista-chefe do Banco ING. “Tudo o que não precisamos é adicionar mais estresse ao mercado em um ano bastante complicado, de eleições, de incertezas quanto à recuperação da economia mundial”, acrescentou.
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