O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) participou na noite da última segunda-feira (21.09), no Rio, da 1ª série do Ciclo Debates Republicanos, que teve como tema “A crise no Senado e a degradação da República”, promovido pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha).

Jarbas responsabilizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelas crises sistemáticas que atingiram o Congresso Nacional nos últimos seis anos. “Há uma herança perversa do Governo Lula no campo político, com seu apoio à cultura da impunidade, o seu incentivo à fragmentação partidária e a troca da ética pelos interesses meramente eleitorais”, argumentou o senador pernambucano. “O presidente teve a oportunidade única de reformar o quadro político brasileiro, mas, em nome da governabilidade, buscou alianças com lideranças ultrapassadas.

Exatamente aqueles que havia apontado como 300 picaretas”.

Também participaram como palestrantes, o jornalista e comentarista político Merval Pereira (de “O Globo”), o cientista político Luiz Werneck Vianna e o presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), Mozart Valadares Pires.

A mesa foi coordenada pelo jornalista Mauricio Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Jarbas citou recente artigo do economista, diplomata e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, em artigo publicado na “Folha de S.Paulo”, do último dia 13, intitulado “Corrupção e governabilidade”.

O senador lembrou frase de Ricupero, que considera um resumo do atual quadro político brasileiro: “A corrupção passou a ser condição da governabilidade. é essa a justificativa de dirigentes de partidos do governo para sua cumplicidade no enterro dos escândalos parlamentares. a diferença com o regime militar é uma só: substituíram-se a violência e a tortura pela corrupção como suposta condição para ter segurança e governar.” Jarbas Vasconcelos elogiou a iniciativa da Facha e da AMB.

Para o senador de Pernambuco, os debates políticos são hoje uma das grandes carências do Brasil, que se vê em meio à degradação não apenas do Senado, mas da política como um todo.

Jarbas lembrou que foi muito tímida a reação da sociedade à censura imposta ao jornal “O Estado de S.Paulo”, que foi proibido pela Justiça de publicar detalhes da investigação da Polícia Federal sobre a família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). “Não se pode continuar formando uma base de apoio à custa do toma lá da cá”, advertiu Jarbas Vasconcelos.

O parlamentar voltou a defender a Reforma Política como a única saída para a degradação da política no Brasil. “Uma Reforma que promova mudanças estruturais, como a exigência de fidelidade partidária sem janelas de infidelidade, cláusula de desempenho e o fim das coligações proporcionais.

A reforma política é a mãe de todas as reformas”, argumentou Jarbas.

A opinião de Jarbas foi endossada pelo jornalista Merval Pereira. “Qualquer candidato que vier a assumir a Presidência terá que atacar esse tema.

Não dá para continuar com a prática do fisiologismo”, defendeu.

O jornalista também falou da necessidade de uma reforma partidária, que possa fazer surgir um novo grande partido, com características de centro-esquerda.

E brincou: “precisamos também de um partido de direita porque o Brasil é o único país no mundo em que ninguém se assume de direita”, disse.

Para Mozart, presidente da AMB, qualquer proposta de mudança precisa, necessariamente, passar pela pressão social. “Foi assim na Constituição, foi assim no impeachment do presidente Collor e foi assim na própria redemocratização do País.

O fim da ditadura não foi um presente dos militares, mas uma conquista da sociedade”.

Mozart lembrou que já nos primeiros escândalos políticos do governo atual, a AMB lançou campanhas em defesa da ética e contra a corrupção.

Mais recentemente, foi a vez da campanha Eleições Limpas, que contou com a adesão maciça da magistratura na promoção de um embate eleitoral pautado pela ética e, principalmente, pela liberdade do eleitor em escolher o melhor candidato, baseado em informações que lhe são devidas por direito.

O cientista político Luiz Werneck Vianna afirmou que a crise das instituições ainda traz reflexo dos anos de ditadura. “A sociedade ainda não se recuperou totalmente.

Um período como aquele afeta gerações.

No entanto, caminhamos para um país cada vez mais forte em todos os aspectos, inclusive o econômico.

Este aqui não é um país qualquer, declarou.

Nesse processo, o remédio para a crise está na mobilização social.

Não se pode usurpar a soberania popular”, defendeu.