Uma abordagem sobre os negócios do petróleo no mundo e um vídeo que mostra, no plano local, os royalties da exploração petrolífera como elemento aprofundador das desigualdades regionais.
Estes foram os principais pontos da intervenção do governador Eduardo Campos no debate “O Pré-Sal e o Futuro do Brasil”, realizado nesta quarta-feira (23/09), em Brasília. “O debate do pré-sal é uma oportunidade e algo que deve ser travado com coragem, mas com bom senso.
O Brasil precisa sair mais rico, mas também mais justo e mais igual”, disse Eduardo Campos, que teve como debatedores os governadores da Bahia, Jacques Wagner, e do Espírito Santo, Paulo Hartung.
Segundo Eduardo Campos, é fundamental preservar o modelo atual para os estados que já participam da partilha dos royalties do petróleo, mas também mudar radicalmente a legislação sobre a partilha do pré-sal. “Este é um momento novo, uma riqueza nova que deve servir para consolidar esse novo Brasil, fundado sobre a justiça.
Não queremos o que já pertence aos outros três estados e aos 200 municípios beneficiados hoje, mas garantir aos que nada têm hoje o direito de se colocar em igualdades de condições com os demais brasileiros”, frisou.
Ele alertou para os riscos de o debate, tal e qual está sendo colocado, dividir os brasileiros num momento tão importante. “Nós conhecemos o jogo pesado que se dá em torno do petróleo no mundo.
Ele justifica a invasão de países e guerras sem fim.
Mas nós, brasileiros, temos que estar atentos e não fazermos o jogo desses grandes interesses que, sem dúvida, vão querer nos colocar uns contra os outros”, disse.
Eduardo Campos disse ainda que com a descoberta do pré-sal o Brasil se torna um os dez maiores produtores de petróleo do mundo e passa a contar com uma indústria que representa 20% da economia brasileira. “Passamos para um novo contexto: o da abundância.
O marco regulatório do setor no Brasil foi definido num ambiente de escassez.
O regime de concessão era adequado para estimular a busca pelo petróleo, tanto que se premia o risco exploratório.
Agora, claramente ele é inadequado quando o risco desaparece ou se minimiza.
Por isso, sou a favor da proposta enviada pelo presidente Lula ao Congresso e vamos trabalhar para que seja aprovada, sempre com atenção ao diálogo e ao bom senso”, disse.
Durante o evento, promovido pelo jornal Correio Braziliense, Jacques Wagner,Eduardo Campos e Paulo Hartung debateram em clima marcado pela cordialidade.
O baiano e o pernambucano concordaram em tudo.
Hartung defendeu o direito de seu estado à manutenção da regra vigente.
A pedido de Eduardo Campos, exibiou-se um vídeo que mostra o distrito de Baixo do Meio, distante 180 quilômetros de Natal.
Dividido ao meio pela BR-116, se vincula de um lado à rica Guamará, que se beneficia dos royalties, e à vizinha Pedro Avelino, cuja população vive em condições completamente diferentes das do lado mais rico.
O vídeo mostra que Guamaré recebe em um mês o equivalente a um ano de receita de Pedro Avelino. “Este modelo precisa ser repensado.
Não é a perpetuação de situações como esta que fará o Brasil que queremos”, acrescentou.