Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com Faltam pouco mais de dez dias para o término do prazo de filiação partidária para candidatos às eleições do próximo ano, e até agora não se viu tanto troca-troca de legendas como na disputa passada.

O que não é surpresa.

Afinal, depois que a Justiça Eleitoral promulgou a resolução estabelecendo a fidelidade partidária - medida que o Congresso Nacional deveria ter votado, mas se recusou - quem mudar de sigla sem justificativa apropriada pode perder o mandato.

A aproximação da data final, porém, deve revelar novo surto de uma doença que costuma pegar de jeito uma ampla faixa de políticos brasileiros: o governismo.

Os sintomas - nem sempre muito evidentes - consistem em mudanças bruscas de posição política, um inexplicável sentimento de simpatia pelo governante ao qual o acometido da doença costumava fazer oposição, amnésia e negação do próprio passado.

Se você percebeu algum desses sintomas no político em que votou, não se assuste.

O governismo não mata.

Ao contrário, promove.

Via de regra, deixa a “vítima” mais poderosa e mais ativa. Às vezes até um pouco mais rica.

Em outras, aumenta o potencial de votos.

No ápice, pode garantir até uns carguinhos extras.

O governismo só é nocivo ao eleitor e à sociedade.

Afinal, político brasileiro vinculado a uma ideologia política ou a conteúdos programáticos de um ou outro partido, é algo raro.

Política, hoje, se faz por conveniência, afinidades pessoais e oferta de vantagens.

Por isso a expectativa quanto ao encerramento do prazo de filiações de candidatos.

A data será uma espécie de termômetro, que vai auferir se a febre do governismo aumentou ou diminuiu.

Em Pernambuco, a doença está cada vez mais espalhada.

Nos próximos dias, deve contaminar um bom número de prefeitos e vereadores.

E certamente chegará com mais potência à Assembleia Legislativa.

Já na esfera nacional, diante da indiscutível força política da máquina governista pilotada pelo presidente Lula - alimentada pelo Bolsa-Família e agora movida a petróleo do pré-sal -, é provável que o governismo, a partir de outubro próximo, ganhe uma dimensão epidêmica.

Os “pacientes” passarão por um período de aproximadamente um ano de incubação.

A má notícia - para eles - é que apesar da contaminação voluntária, nem todos conseguirão a cura nas urnas de 2010.