Por Giovanni Sandes, de Economia/JC Depois de anos sem receber um “hotel puro”, que não seja um flat, a Avenida Boa Viagem está na mira da construtora pernambucana Rio Ave para receber um hotel de luxo – cinco estrelas – e com marca internacional.

O projeto tem estimativa inicial de investimento de R$ 70 milhões e as licenças já foram aprovadas.

A construção do edifício, que terá 350 apartamentos, dependerá da negociação com a operadora, empresa que administrará o empreendimento.

Mas a meta é deixar tudo pronto para aproveitar o fluxo turístico gerado pela Copa do Mundo.

Ou seja, as obras têm que começar bem antes de 2014.

A Moura Dubeux investiu bastante na Avenida Boa Viagem nos últimos anos.

Já está no quarto empreendimento da família Beach Class, que têm padrão de hotel, mas na realidade são flats, com os apartamentos vendidos. “É preciso registrar os investimentos da Moura Dubeux.

Agora, há muito tempo não se faz em Boa Viagem um hotel tradicional, que só funciona como empreendimento hoteleiro”, observa o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-PE), José Otávio Meira Lins.

Nos últimos dez anos, Recife perdeu 18 hotéis. “Apenas um reabriu, com outro nome.

Outros não têm sequer condições de reabrir, porque foram demolidos, como o Hotel Boa Viagem”, explica José Otávio.

O Boa Viagem foi um dos três que ficavam na avenida, assim como o Savaroni e o Hotel do Sol.

No último dia 30 de julho, o JC antecipou que a Rio Ave tem projetos de dois hotéis na Avenida Domingos Ferreira.

Na ocasião, a empresa fez mistério sobre o terceiro, que estava em fase de licenciamento – justamente o hotel de luxo, sobre o qual ontem forneceu detalhes, e que ficará em um terreno de 1.680 metros quadrados, na esquina de um quarteirão entre as ruas Engenheiro Zael Diógenes e Professor Mário de Castro.

Cada um dos três terá públicos diferentes.

Além do hotel de luxo, um outro será categoria econômica (três estrelas) e contará com 316 apartamentos.

O outro será um hotel superior (quatro estrelas), com 162 apartamentos, ligado a um edifício empresarial. “Tomamos a precaução de não criar conflito de interesses entre os projetos”, afirma o diretor comercial da Rio Ave, Alberto Ferreira da Costa Júnior.

Ele diz que a construtora negocia simultaneamente operadoras para cada um dos hotéis. “Mas um não depende do outro”, ressalta o executivo.

Apesar disso, a lógica para tocar os projetos será semelhante. “Queremos uma cadeia internacional.

Praticamente todas com quem falamos demonstraram interesse em operar os hotéis.

Superada essa fase de negociação, que também ajudará a definir um maior detalhamento dos projetos, vamos para a engenharia financeira”, comenta Alberto.

Com uma marca escolhida, argumenta o diretor da Rio Ave, ficará mais fácil buscar financiamentos, por exemplo. “Escolhida a bandeira, definiremos se a construção será feita em parceria, se buscaremos financiamentos ou se venderemos alguns apartamentos.

Mas, como já temos os licenciamentos, a negociação pode ser muito rápida.

Queremos começar a construção de um deles no primeiro semestre do ano que vem.”