(Foto: Robert Fabisak/JC Imagem) Por João Valadares, do PEboycount Na cabeceira da mesa, o governador Eduardo Campos.
Ao seu redor, secretários, representantes da Justiça, oficiais, policiais responsáveis por áreas específicas do Estado, chefe de Polícia Civil e muitos outros.
Em pé, o secretário de Planejamento, Geraldo Júlio, mostra, num telão, os índices estatísticos de homicídio no Estado. É o balanço semana a semana. Área por área.
As fotos do comandante responsável pela área específica e do respectivo delegado aparecem no telão.
Naquele momento, eles estão sendo cobrados e tendo os resultados avaliados diretamente pelo governador.
Geraldo Júlio continua a explanação.
Aponta quem atingiu a meta, onde precisa melhorar, onde caiu muito, onde caiu menos.
A que pode se atribuir o aumento ou a diminuição dos assassinatos.
E assim segue com todas as áreas. É a face visível do Pacto pela Vida.
A face que mostra um plano andando efetivamente.
O fato que precisa ser dito é que um mecanismo de cobrança eficiente das polícias está funcionando pela primeira vez no nosso Estado.
Voltemos à reunião.
O governador quer saber dos mínimos detalhes.
Pede para voltar a explicação em alguns casos, procura entender porque os homicídios caíram naquela região.
Com uma caneta luminosa, mostra o número de inquéritos com autoria remetidos à Justiça e faz uma ponderação de que aquele ponto pode ter sido responsável pela diminuição da violência naquele determinado local.
Faz várias intervenções para entender melhor o problema daquela área.
Oficiais, responsáveis pelas áreas, vão lá na frente e explicam onde acertaram, onde poderiam ter melhorado e assim vai.
Tudo mostrado no mapa, com dados, numa base científica.
Reportam-se ao governador.
Justificam-se ao governador do Estado.
Um diagnóstico cirúrgico, acompanhado passo a passo.
Acompanhado no detalhe do detalhe.
E o melhor: monitorado de perto pelo chefe máximo do executivo estadual.
Esta é a grande diferença.
Não é o secretário quem responde.
Não é o secretário quem apenas repassa informações ao governador. É o governador quem abraça o tema e fiscaliza tudo de perto.
Sem dúvida, um dos maiores avanços no trato da segurança pública em Pernambuco. É muito simples.
Começamos a ter um mecanismo de gestão eficiente, como acontece nas empresas privadas.
Quem não atingiu sua meta, leva puxão de orelha do patrão.
Quem conseguiu chegar lá, precisa explicar o que fez e mostrar o exemplo para os colegas.
Simples assim.
Passei apenas 30 minutos na sala, mas deixei o prédio onde funciona a Agência de Tecnologia da Informação de Pernambuco (ATI) com um sentimento de que as coisas começam a fazer sentido na condução da segurança pública no nosso Estado.
Os índices ainda não são animadores, muito pelo contrário, assustadores, mas a mudança de postura enche até um poste de esperança.
Pode parecer exagero, mas o gesto é representativo.
O gesto esperança.
Todo mês, a cena se repete.
Impossível não fazer uma comparação com as reuniões do Conselho da Paz, comandadas pelo secretário de Defesa Social da época, João Braga.
A diferença é enorme.
As reuniões do Conselho da Paz serviam muito mais para reclamações específicas de falta de policiamento em determinada área.
Um encontro para reclamar que a viatura estava demorando a passar na sua rua, que a delegacia estava sem computador.
Há outros canais para isso.
Sem falar que o governador Jarbas Vasconcelos nunca foi visto por lá.
Nunca.
Segurança era um assunto intocável no Palácio.
Um assunto proibido.
A orientação era não mexer com isso.
Se tocasse no assunto, a violência iria respingar no seu paletó.
Melhor era ficar calado, orientavam os marqueteiros.
E assim seguimos.
Mas o fato representativo de agora é que o monitoramento de desempenho da área de segurança em Pernambuco foi implementado de fato.
Pego uma carona no que escreveu, há duas semanas, Eduardo Machado para explicar que o controle funciona da seguinte forma: o Estado foi dividido em 217 circunscrições.
Na capital, uma circunscrição corresponde a um agrupamento de bairros.
No interior, elas podem corresponder até a um município inteiro.
Cada uma das circunscrições tem um delegado e um oficial da PM como gestores.
Esses policiais precisam prestar conta semanalmente sobre os índices de crimes violentos letais intencionais (CVLIs) em suas jurisdições.
Acima dos gestores de circunscrições estão os gestores de 26 áreas, que, por sua vez, respondem a gerentes de cinco territórios, subordinados diretamente ao chefe de Polícia Civil e ao comandante da Polícia Militar.
Os dois comandantes se reportam ao secretário de Defesa Social, que responde ao governador.
Uma vez por mês, o governador Eduardo Campos comanda uma reunião onde os dados de CVLI de todo o Estado são monitorados.
As áreas que atingem as metas ganham a cor verde.
As que registram aumento da violência ficam vermelhas.
Outro diferencial do novo modelo de gestão é que um programa de computador permite que o secretário tenha informações atualizadas semanalmente sobre cada área.
As telas mostram a foto dos gestores, o mapa de sua jurisdição, o número de CVLI no período anterior, a meta pretendida e o número obtido. É isso.
Que continue assim.
E que este mecanismo não seja apenas desse governo e sim de Pernambuco.