Por Maria Luiz Borges As discussões no Senado a respeito do uso de internet estavam caminhando para virar letra morta nas próximas eleições.

Um legislador achar que pode controlar a internet é tão somente prova de que a pessoa vive em um outro mundo, em um planeta paralelo onde o big brother estaria nos observando.

Se os senadores consultassem Ahmadinejad, depois de tudo o que aconteceu após a sua conveniente reeleição, ou mesmo a brasileiríssima apresentadora Daniella Cicarelli, talvez tivessem uma vaga idéia sobre com que estão lidando.

A rede não tem torre de controle.

Cada um de nós é emissor e receptor, remetente e destinatário, provedor ou consumidor de conteúdo.

O poder de multiplicação de uma foto, um vídeo ou uma simples frase é ilimitado quando cai na rede.

Quem era Ruth Lemos antes falar no seu sanduiche-iche durante uma despretenciosa entrevista?

Ou Susan Boyle antes de cantar “I dreamed a dream” num show de calouros?

Ou mesmo o então senador pelo Illinois Barack Obama há uns três anos?

Se a lei eleitoral brasileira fosse rígida demais com a rede, era só usar servidores no estrangeiros para dribrá-la.

Manda tudo para as nuvens, que é lá que internet acontece.

Aliás, eu particularmente acho dificílimas de cumprir algumas das restrições que sobreviveram no texto do Senado, como a determinação de os sites obedecerem aos mesmos critérios de realização de debates entre os candidatos aplicados às emissoras de rádio e de televisão, quando veicularem áudio e vídeo.

Senhores candidatos, você querem virar celebridades?

Usem a rede.

Não briguem contra ela.

Nem tentem controlá-la.

Usem, até abusem e, se abusarem, preparem-se para ouvir de volta. É a assim que o mundo virtual se move.

Tudo tem mão dupla, tudo tem mãos infinitas.

PS: Maria Luiza Borges é jornalista e editora executiva de redação do JC